Page 21 - Edição 153 da RBCE Revista Brasileira de Comércio Exterior
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RBCE - A revista da



          para a constituição de fundos tipo FGI ou similares com  “
          de parcerias público-privadas caso haja: a) incentivos
          para uma maior entrada de recursos em moeda nacional

          recursos oficiais (públicos) ou privados para financiar     Expandir o conhecimento sobre
          o pré e o pós-embarque das vendas externas brasileiras       financiamento às exportações é
          (Sahione Neto, 2021); b) incentivos à produção, difusão   prioritário, e deve-se buscar estabelecer
          e uso de trade scores por parte das instituições financeiras
          e não financeiras e c) incentivos para que seja reaberta a   um repositório de informações para
          seguradora pública brasileira para oferecer garantias aos      apoiar a análise do risco do
          exportadores nacionais e, também, seja dado maior espa-              financiamento
          ço para atuação das seguradoras privadas que já operam
          no Brasil a ofertarem maior volume de apólices sem que
          haja uma elevação do custo de capital dessas empresas.                                            ”

          Sem dúvida, cabe mencionar que, no Brasil, o maior
          problema do financiamento às exportações reside nas
          fontes de recursos, e não nos usos. A análise dos usos
          e fontes dos recursos financeiros permite constatar que
          a maior parte das vendas externas brasileiras é financia-
          da por capitais estrangeiros, e muito pouco com capital
          em moeda nacional. E ainda é preciso lembrar que uma  cidas na política de financiamento da exportação. E, no
                                                                        o
          característica implícita do sistema financeiro nacional é   seu artigo 4 , que esse conselho deveria ouvir o Conselho
          que ele trabalha, de um lado, sob assimetria e informa-  Monetário Nacional no que compete a estabelecer as ba-
          ção incompleta de seus clientes potenciais e efetivos, e,  ses da política de seguros no comércio exterior.
          de outro, sob um processo de seleção adversa de projetos de
          negócios de exportação a serem objetos de financiamento.  Entender hoje a necessidade de se ter recursos públicos
                                                              em moeda nacional para financiar, mediante fundos, as
          Propor o incentivo à constituição de recursos em moeda  exportações e depois obter divisas para fazer face aos
          nacional para a composição de fundos para financiar o  compromissos externos, principalmente do governo, re-
          pré e o pós-embarque das exportações tem como base a  quer, por exemplo, exemplificar as operações do Proex.
          sugestão de Keynes (1933, p. 2):                    Esse programa foi criado no primeiro triênio dos anos
                                                              1990, com base em recursos do orçamento da União,
               simpatizo com aqueles que minimizariam, e não  que são disponibilizados anualmente em moeda local.
               com aqueles que maximizarão o emaranhamento
               econômico entre nações. Ideias, conhecimento,  Duas são as modalidades do Proex. O Proex Financia-
               arte, hospitalidade, viagens – estas são as coisas que,  mento, que se constitui de recursos orçamentários do
               pela sua natureza, deveriam ser internacionais. Mas  Tesouro Nacional ofertados às empresas exportadoras
               para que as mercadorias sejam domésticas sempre  por meio de financiamento pós-embarque. O agente da
               que seja razoável e convenientemente possível; aci-  União é o Banco do Brasil, e os recursos tomados pelos
               ma de tudo, é preciso que o financiamento seja prin-  exportadores voltam para o orçamento da União, em di-
               cipalmente nacional. Contudo, ao mesmo tempo,  visa estrangeira, após o pagamento e a remessa do paga-
               aqueles que procuram desembaraçar um país das  mento das exportações pelo comprador internacional.
               suas teias e entraves devem lembrar que esta deve
               ser lenta e cautelosa. Não deve ser uma questão de   Nesse caso, o Tesouro Nacional não sofre risco de ex-
               arrancar raízes, mas sim de ser um lento regar para   posição cambial, pois se o Banco do Brasil financia em
               que uma planta cresça numa direção diferente.  reais uma operação de um exportador brasileiro, esse ex-
                                                              portador, ao embarcar o bem para o exterior, repassará
          Essas recomendações estão implícitas, no Brasil, na nossa  as cambiais recebidas e quitará o financiamento da ex-
          história do desenho e conformação do sistema de apoio  portação. Em tese, no Proex Financiamento o subsídio
          ao financiamento às exportações, estabelecido em 1966,  em reais disponibilizado pelo Tesouro volta, por sua vez,
          com a edição da Lei n o  5.025. Esta lei, no seu segundo  em dólares (ou outra divisa) para a conta do Tesouro
          artigo diz que compete ao Conselho Nacional do Comér-  Nacional, que, por sua vez, usa esses recursos para quitar
          cio Exterior formular as diretrizes básicas a serem obede-  obrigações da União no exterior.


          Nº  153 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2022                                                     17
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