Page 17 - Edição 153 da RBCE Revista Brasileira de Comércio Exterior
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RBCE - A revista da
E ao possibilitar a criação desse novo mecanismo de um público investidor maduro, comprador desses ativos
fomento financeiro para as transações de comércio ex- financeiros e papéis, entendido das suas idiossincrasias e
terior brasileiras, ampliando o leque das possibilidades riscos, poderíamos adotar como nação um novo momen-
de trade finance, nosso legislador estaria, acertadamente, to de fomento da atividade exportadora. E qual a forma
impulsionando o desenvolvimento da atividade expor- mais acertada a assim fazermos senão criando mecanis-
tadora brasileira, contribuindo para uma melhoria das mos e ferramentas para que o mercado privado cumpra
contas relativas à nossa balança comercial, mas também com sua função empreendedora, recebendo os estímulos
ampliando a capacidade produtiva nacional com uma financeiros necessários e motivando a realização dos in-
eficiente alternativa de funding para realização de inves- vestimentos fundamentais para criação de novos negó-
timentos nos projetos agropecuários, extrativistas, ou cios de base eminentemente exportadora, ou mesmo o
mesmo industriais, conquanto de base eminentemente aperfeiçoamento de atividades já existente, no intuito de
exportadora, gerando empregos e desenvolvimento e, melhorar a sua competitividade e produtividade?
talvez, requalificando o Brasil como participante rele-
vante no comércio internacional, retomando a condição É certo que o mero estímulo financeiro, de forma iso-
de parceiro importante das principais nações do plane- lada, de pouco servirá, se este não for um projeto da
ta, não apenas na exportação de commodities mas, dese- nação, acompanhado de iniciativas multidisciplinares
javelmente, de bens manufaturados de alta qualidade. que, conjuntamente, desburocratizem, estimulem, sim-
plifiquem e barateiem as atividades econômicas com
Apesar da certeza da grande potencialidade dessa medi- objetivo exportador. Entretanto, ao conferir às empresas
da, acredito que não apenas nas possibilidades oriundas de base exportadora a oportunidade de, a partir de suas
do mercado de capitais é que deveriam ser concentra- LEs, emitirem e colocarem no mercado valores mobili-
das as medidas para o incremento da oferta de recursos ários de grande demanda (CREs), que contam com um
financeiros visando ao fomento do comércio exterior público investidor já cativo e uma demanda crescente,
brasileiro. Nossas autoridades monetárias poderiam bem como, replicar estruturas e experiências vencedoras
também explorar medidas que trouxessem maior dis- já anteriormente utilizadas com bastante sucesso para
ponibilidade de recursos para tanto no sistema bancário outras atividades, nossos governantes estariam, de for-
nacional. Uma ideia seria diminuir o empréstimo com- ma muito acertada, e com um mínimo de intervenção,
pulsório ou as necessidades de reservas das instituições equipando nosso setor exportador para dar um salto
financeiras, em contrapartida a créditos concedidos di- qualitativo quântico na pauta de comércio exterior do
retamente para a atividade exportadora. nosso país, com todos os sabidos benefícios (também já
aqui elencados) que isto certamente nos pode trazer.
Em se criando alternativas que facilitem e estimulem o
financiamento privado do comércio exterior brasileiro, É só ligar o LE com o CRE!!
ampliando as possibilidades do trade finance, ao torna-
rem mais amplas as possibilidades de fontes de financia-
mento, seja via mercado de capitais, ou a partir da redu-
ou de serviços, criar-se -ia uma importante alavanca de “ Ao conferir às empresas de base
ção do custo de capital das instituições financeiras para
alocações a exportadores brasileiros, seja de mercadorias
desenvolvimento, ampliando-se as pautas de exportação exportadora a oportunidade de, a
do país, melhorando-se a nossa balança de pagamento e, partir de suas LEs, emitirem e
por conseguinte, as contas públicas nacionais, e, com o
aumento do fluxo e das pautas exportadoras, elevando- colocarem no mercado valores
-se o poder de barganha brasileiro nas arenas de negocia- mobiliários de grande demanda
ção do comércio global. (CREs)... nossos governantes estariam,
Para concluir, o que pretendo com esta breve apresen- de forma muito acertada, e com um
tação de ideias é estimular o debate e a reflexão acerca mínimo de intervenção, equipando
das possibilidades de ampliação do rol de instrumen- nosso setor exportador para dar um
tos disponíveis ao trade finance nacional. A partir de
experiências já consagradas nos mercados financeiros e salto qualitativo quântico na pauta de
de capitais brasileiros, com produtos e medidas criadas comércio exterior do nosso país
”
para outros setores que se pretendeu estimular e gerar
Nº 153 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2022 13