Page 19 - Edição 153 da RBCE Revista Brasileira de Comércio Exterior
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RBCE - A revista da
podem deixar de assumir novas obrigações de financia-
mento. Esse conjunto de constrangimentos existentes
está sendo enfrentado por aqueles que podem regular o
acesso ao financiamento das exportações, mas também
tornará o financiamento do comércio ainda mais inaces-
sível às pequenas e médias empresas (PME). E, se as res-
trições ao financiamento das exportações pressionarem
os bancos a rejeitar mais propostas de financiamento, o
fosso entre a demanda potencial por financiamento às
Imagem de Garik Barseghyan por Pixabay O trade finance é indispensável ao comércio interna-
exportações e a efetivamente apoiada poderá ser maior.
cobre uma variedade
cional. Este termo, trade finance,
de instrumentos financeiros que permitem a condução
bem-sucedida do comércio transfronteiriço de bens
e serviços. O financiamento às exportações facilita os
pagamentos internacionais e atenua os riscos devidos
à assimetria de informação. O financiamento às expor-
tações tem um impacto significativo nos fluxos comer-
ciais, e a sua disponibilidade e acesso ajudam a assegurar
a continuidade do comércio internacional.
Vale lembrar que um fluxo e uma oferta maiores de cré-
dito comercial estimulam a produção e as exportações
de financiamento do comércio. As crises dificultam o das empresas. O financiamento comercial não só está
crescimento das exportações e afetam mais severamente correlacionado positivamente com os volumes de im-
as empresas em países com menor desenvolvimento dos portação e exportação, como os países com maior acesso
sistemas financeiros voltados para as exportações. ao financiamento do comércio externo também podem
exportar mais. Acesso ao financiamento às exportações
A pandemia da Covid-19 levou a uma procura não satis- é também essencial para orientação à exportação e inter-
feita, que reduziu o comércio de mercadorias e fez subir nacionalização das empresas, especialmente das PMEs.
o custo do financiamento às exportações. A incerteza
macroeconômica também intensificou as percepções
dos bancos sobre o aumento dos riscos de descumpri-
mento por parte dos seus clientes, e, por sua vez, isso
diminuiu os incentivos e esforços dos bancos para man-
ter a disponibilidade de capital e linhas de crédito para
os exportadores, o que levou à rejeição de pedidos de
financiamento às exportações. “
O aumento das incertezas econômicas e financeiras ali- Vale lembrar que os mercados de
mentadas pela geopolítica, as perturbações na cadeia
de fornecimento e o comércio mundial mais fraco irão trade finance de pré e pós-embarque
afetar os exportadores. Além disso, são esperadas condi- são vulneráveis em períodos de crise.
ções de financiamento mais restritivas em meio a custos Durante a crise financeira global de
comerciais mais elevados, incluindo seguros de exporta-
ção mais caros. 2008, estima-se que entre 15% e 20%
da queda no comércio foram
Cabe lembrar que ainda há requisitos onerosos exis- atribuídos à escassez de
tentes em matéria de capital e de regulamentação, e o
aumento da aversão ao risco pode também levar a taxas financiamento do comércio
de rejeição ainda mais elevadas nos pedidos de financia-
”
mento ao comércio internacional, uma vez que os bancos
Nº 153 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2022 15