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Defesa Comercial: Dumping

Custo de Produção                                          do valor normal será mais complexa quando o produto
Como identificado na Tabela 1, constante do roteiro de     puder ser classificado em tipos diferentes com caracte-
petição da Portaria Secex no 41, de 2013, o custo de pro-  rísticas variadas, pois estas podem refletir estruturas de
dução corresponde ao somatório dos custos com maté-        custos diferentes para cada tipo do produto. Nesses ca-
rias-primas, dos custos com mão de obra e dos outros       sos, o ideal é que o valor construído reflita a gama de
custos.                                                    produtos ou, ao menos, o produto cujas características
A estrutura de custos com indicação das rubricas e dos     indiquem maior representatividade nas exportações do
coeficientes técnicos deve refletir o processo de fabri-   produto investigado.
cação do produto no país de origem declarado. Dessa        No caso Vergalhões (Turquia),24 foram utilizados da-
forma, se for do conhecimento da peticionária que as       dos de dois produtos distintos para apurar a estrutura
empresas situadas nas origens investigadas utilizam rota   de custos. Foram determinadas as estruturas de custo
produtiva diferente daquela utilizada no Brasil, a cons-   do primeiro produto para cada uma das plantas da “em-
trução do valor normal deve levar em consideração essa     presa A”, que compunha a indústria doméstica, e a es-
informação.                                                trutura de custo do segundo produto para apenas uma
No caso n-Butanol (Rússia),23 a peticionária afirmou       das plantas produtivas da “empresa B”. A partir das três
que a produção do n-Butanol na Rússia adotava rota         estruturas de custo apresentadas, apurou-se uma cons-
produtiva do cobalto, que seria menos eficiente que a      trução média, que foi utilizada como parâmetro para a
rota adotada pela indústria doméstica brasileira, pois     construção do valor normal.
consome maior quantidade de propeno para produzir          Uma vez determinada a estrutura de custos e os coe-
uma tonelada de n-butanol. A informação estava base-       ficientes técnicos das rubricas do custo de produção,
ada em informações que comprovavam a afirmação, de         passou-se à determinação dos preços de cada uma das
forma que pôde ajustar os coeficientes da indústria do-    rubricas.
méstica para refletir a menor eficiência da rota produti-
va utilizada na Rússia.                                    Matéria-prima
Diante da impossibilidade de obter informações deta-       Para determinar o preço das matérias-primas, a peticio-
lhadas sobre o processo produtivo, a estrutura de custos   nária pode se valer de diversas fontes e metodologias.
e a eficiência produtivas das produtoras/exportadoras,     Para cada uma das matérias-primas utilizadas na fabri-
a utilização de coeficientes técnicos da própria peticio-  cação do produto, a peticionária deve apresentar meto-
nária, na maioria das vezes, corresponde à melhor in-      dologias clara e pormenorizadamente descritas, assim
formação disponível no momento de apresentação da          como suas respectivas fontes. A finalidade da apresen-
petição de início.                                         tação das metodologias e das fontes é contribuir para
Ainda que fosse desejável a apresentação de informações    que o Departamento avalie a adequação da informação
que refletissem a estrutura de custos e os coeficientes    e para que as demais partes interessadas possam exercer
técnicos da origem investigada, a apresentação de da-      seu direito de ampla defesa ao compreender e eventual-
dos próprios para a definição de estrutura de custos e de  mente contestar a construção do valor normal, uma vez
coeficientes técnicos costuma ser a prática mais recor-    iniciada a investigação.
rente e aceita pelo Departamento. O fato de que essas      A peticionária pode utilizar-se de informações divulga-
informações podem ser submetidas ao procedimento de        das por plataformas governamentais ou de organismos
verificação in loco por parte do Departamento contribui    internacionais que disponibilizam ao público estatísti-
para a aceitação dessa metodologia.                        cas oficiais de importação ou exportação.

Alguns produtos, no entanto, podem não ser homogê- O preço de importação ou de exportação, porém, pode
neos, sendo divididos em tipos diferentes. A construção não representar uma alternativa viável, quando o produ-

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   23 Circular Secex no 2, de 8 de janeiro de 2016, publicada no DOU de 11 de janeiro de 2016.   Nº 128 - Julho/Agosto/Setembro de 2016
   24 Circular Secex no 3, de 12 de janeiro de 2016, publicada no DOU de 13 de janeiro de 2016.

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