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Câmbio e Pagamentos Internacionais
e o risco-país) são as mais relevantes para captar seus longo prazo. Em seguida, apresentamos no Grá co 1 a
efeitos diretos e indiretos sobre a taxa de câmbio real taxa de câmbio real observada (ou seja, a RER divulgada
numa economia altamente aberta ao movimento de pelo BCB) e a trajetória das taxas de câmbio reais de
capitais externos, como é o caso do Brasil ao longo do longo prazo estimadas de acordo com nossos dois mo-
período sob análise. Com respeito aos sinais esperados delos (MQO e VEC).
dos coe cientes estimados, se positivos (casos dos saldos
em Conta Corrente e do prêmio de risco-Brasil), signi ca Os resultados de nossas estimações podem ser con rma-
que o aumento da variável implica depreciação da moeda dos não apenas pelo nível de signi cância dos coe cientes
doméstica em relação à estrangeira; se negativos (casos da estimados (discriminados na Tabela 1), como também
renda per capita e do diferencial de juros), signi ca que pela superposição das trajetórias das taxas de câmbio esti-
o aumento da variável implica apreciação da moeda do- madas pelos dois modelos econométricos (Grá co 1), in-
méstica em relação à moeda estrangeira); se positivo ou dicando resultados bastante próximos tanto na estimação
negativo, o efeito é ambíguo (caso dos termos de troca). por MQO, como na estimação pelo VEC.
As justi cativas para os sinais esperados das variáveis estão
descritas em Nassif, Feijó e Araújo (2017). O passo seguinte, apresentado no Grá co 2, é identi car
os períodos de subvalorização e sobrevalorização (parte
O passo-a-passo de nossa estimativa da taxa de câmbio inferior do grá co, cujos níveis são plotados em logarit-
real “ótima” inicia-se com a estimativa das taxas de câm- mos no eixo principal) da taxa de câmbio real. Isso é feito
bio reais de longo prazo (RÊR) a partir dos modelos calculando-se a diferença entre as taxas de câmbio reais
econométricos de Mínimos uadrados Ordinários e observadas (RER, indicadas em números-índices no eixo
de Vetor de Correção de Erros (MQO e VEC, respec- secundário) e as taxas de câmbio reais estimadas pelos
tivamente). Foram feitos todos os testes de cointegra- dois modelos (RÊR). Se este resultado for igual a zero, a
ção, que mostraram que as séries do modelo são I (1) taxa de câmbio real estará em equilíbrio “neutro”; se for
e cointegradas. Sendo assim, os modelos MQO e VEC superior a zero, o real brasileiro estará subvalorizado; e se
são adequados para a estimação das taxas de câmbio de for inferior a zero, o real brasileiro estará sobrevalorizado.
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GRÁFICO 1
TAXAS DE CÂMBIO REAIS OBSERVADAS E TAXAS DE CÂMBIO REAIS DE LONGO PRAZO ESTIMADAS
EM LOGARITMOS : JANEIRO 1999 A JUNHO 2024
5,2
5
4,8
4,6
4,6
4,2
4
1999.01 1999.11 2000.09 2001.07 2002.05 2003.03 2004.01 2004.11 2005.09 2006.07 2007.05 2008.03 2009.01 2009.11 2010.09 2011.07 2012.05 2013.03 2014.01 2014.11 2015.09 2016.07 2017.05 2018.03 2019.01 2019.11 2020.09 2021.07 2022.05 2023.03 2024.01
RER RÊR_MRQ RÊR_VEC
Fonte: Modelos econométricos estimados pelos autores, de acordo com a metodologia descrita.
48 Nº 162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025