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RBCE - A revista da
pecialmente o Reino Unido e os Estados Unidos – no
cenário econômico e político mundial. Desde o início
do século XX, o inglês tem sido o idioma preferencial
para a redação de contratos comerciais, a condução de
reuniões internacionais e a publicação de documentos
jurídicos e técnicos.
A predominância do inglês como língua franca facilita
a comunicação entre partes que, de outra forma, não te-
riam um idioma comum. No entanto, essa dependência
do inglês também apresenta suas limitações. Em muitas
partes do mundo, a uência em inglês é restrita a uma
elite educada, deixando grande parte da força de traba-
lho e dos empresários locais em uma posição de desvan-
tagem. Além disso, o uso do inglês nem sempre resolve
completamente os problemas de comunicação, especial-
mente quando há nuances culturais e legais envolvidas.
O PAPEL DAS OUTRAS LÍNGUAS NO
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Apesar da importância do inglês, outras línguas continuam
Nas CGVs, a capacidade de transmitir informações de
forma clara e precisa entre fábricas, fornecedores e dis- a desempenhar um papel crucial no comércio internacio-
tribuidores é vital para garantir a continuidade e a qua- nal, especialmente em nível regional. Em países da Ásia
lidade da produção. Um erro de interpretação em um Oriental, por exemplo, o mandarim é amplamente utiliza-
pedido ou um contrato mal traduzido pode resultar em do nas negociações comerciais entre China e seus parceiros
produtos defeituosos, atrasos no fornecimento ou até comerciais mais próximos. Na América Latina, o espanhol
mesmo quebra de contrato. Além disso, questões regula- e o português dominam as transações comerciais, enquan-
tórias, como a conformidade com padrões de segurança to no Oriente Médio, o árabe ocupa um lugar central.
ou normas ambientais, variam de país para país, exigindo A diversidade linguística também tem implicações no
que todas as partes estejam bem informadas e alinhadas. contexto jurídico e regulatório. Em muitos países, pa-
tentes, marcas registradas e outros documentos legais
Por exemplo, uma empresa que terceiriza a produção de
componentes eletrônicos para fábricas localizadas em di- devem ser submetidos nas línguas locais, o que pode
ferentes partes da Ásia pode enfrentar desa os linguísticos gerar desa os adicionais para empresas estrangeiras. Em
signi cativos se a comunicação entre engenheiros e geren- alguns casos, traduções mal feitas ou inadequadas po-
tes de produção não for e caz. Nesse contexto, o uso de dem resultar na perda de direitos de propriedade inte-
uma língua franca, como o inglês, tornou-se comum, mas, lectual, acarretando perdas nanceiras signi cativas.
como veremos, não é uma solução universal e nem sempre
“ No comércio internacional, é essencial
su ciente para superar todas as barreiras linguísticas.
O INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA que as empresas compreendam as
DO COMÉRCIO INTERNACIONAL diferenças culturais de seus parceiros
comerciais. Isso inclui não apenas a
Embora o mundo globalizado seja multilíngue, o inglês língua, mas também as expectativas em
se consolidou como a principal língua para os negócios
internacionais, tanto no comércio quanto na diploma- relação a prazos, hierarquias, formalidades
cia. Essa predominância está historicamente ligada ao e até mesmo a linguagem corporal
”
papel hegemônico dos países de língua inglesa – es-
Nº 161 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2024 65