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Nova Indústria Brasil








             Redução de custos e agilidade no comércio


             exterior brasileiro na base da Indústria de Defesa e


             de Energia Nuclear a serviço da Neoindustrialização












                                                               Frederico Crespo Teixeira é Administrador, Especialista em
                                                              Comércio Exterior e Negócios Internacionais. Especialista em
                                                                            Negócios do Setor Elétrico
              Frederico Crespo
                Teixeira

          INTRODUÇÃO


          Neste  m de mês de janeiro foi publicado um plano de ação para a reindustrialização do Brasil, tratado pelo nome de
          Neoindustrialização. Este é um plano de ação ousado, a ser implantado no biênio 2024-2026. O plano pontua ações bem-
          -de nidas, que visam ao desenvolvimento sustentável industrial do Brasil, levando em conta os fatores sociais, econômicos
          e ambientais. A sua implementação demandará uma mudança brusca de paradigma no modelo industrial brasileiro.

          O Brasil ingressou no mundo industrial tardiamente, não tendo capturado os benefícios da Primeira Revolução
          Industrial ocorrida em solo inglês. As primeiras unidades manufatureiras começaram a  orescer de forma muito
          incipiente quando da transformação do Brasil em capital do império português. Todavia, o salto inicial ao mundo
          industrial foi dado nos anos 1930, seguido de duas grandes fases. A primeira nos anos 1950 e a segunda na época
          do Milagre Econômico, nos anos 1970. Aqueles foram momentos de grande industrialização no país. Contudo, a
          partir dos anos 1980, a equação se inverte e  ca desfavorável ao Brasil: inicia-se o processo de desindustrialização.

          É sabido que o Brasil, naquela época, era um país que sofria com escassez de divisas e era bastante fechado ao co-
          mércio internacional. As tarifas aduaneiras (tributo sobre as importações) eram quase proibitivas. Não havia espaço
          para as importações, seja porque não se tinha como pagar ou porque se buscava produzir localmente. Mas, os ges-
          tores de política de comércio exterior à época criaram mecanismos para reduzir as tarifas aduaneiras, viabilizar a
          aquisição de novas tecnologias e, assim, ampliar o tamanho das fábricas e modernizar o parque industrial brasileiro.

          As reduções das tarifas aduaneiras incidiam sobre bens de consumo (ou insumos) e/ou bens de capital de acordo
          com a  nalidade de seu uso na fábrica. Por exemplo, se o insumo a ser processado na fábrica fosse incorporado ao
          produto a ser exportado, a redução da tarifa aduaneira (e dos demais impostos indiretos domésticos) ocorreria sob
          o chamado regime aduaneiro de drawback. No caso de um bem de capital a ser incorporado ao ativo  xo da fábrica
          a redução da tarifa aduaneira (e dos demais impostos indiretos domésticos) haveria uma análise mais apurada por
          parte do governo para, com base num exame de similaridade, permitir o ingresso de BK no país sob a forma de um
          EX-tarifário, mediante a isenção  scal dos tributos indiretos.

          Esses instrumentos de redução de custos no comércio exterior existem no Brasil desde 1990, e esse último pode
          ser mais adotado nessa nova fase de reindustrialização do Brasil, podendo ser associado a plataformas e a outros

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