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Nova Indústria Brasil


           uero com esse lembrete alertar que o maior risco ao  REFERÊNCIAS
          desempenho bem-sucedido das missões abarcadas pela
          NIB está na ausência de articulação entre as instâncias   ARROW, K. J.  e economic implications of learning by
          de política industrial lato sensu (MDIC, BNDES, Finep   doing. Review of Economic Studies, v. 29, p. 155-173, 1962.
          etc.) e as instâncias encarregadas da elaboração e gestão
          da política macroeconômica (Ministério da Fazenda,  BIANCHI, P.; LABOURY, S. Industrial policy for the
          Ministério do Planejamento e Orçamento e, principal-  manufacturing revolution: perspectives on digital globa-
          mente, Banco Central do Brasil). No caso das políticas  lisation. Cheltenham, UK: Edward Elgar, 2018.
          monetária e cambial, particularmente, minha sugestão
          (e esperança) é que, na gestão do atual tripé da política   CASTILHO, M.; PASSONI, P.; DUARTE, A. Prote-
          macroeconômica brasileira (regime de metas de in a-  ção tarifária nominal e efetiva no Brasil: estrutura e mu-
          ção, taxas de câmbio  utuantes e novo arcabouço  scal),   danças recentes. Rio de Janeiro: Instituto de Economia,
          os policy-makers passem a conferir maior equilíbrio en-  Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE-UFRJ),
          tre os objetivos de manter a estabilidade de preços (isto   2024. Artigo inédito não publicado.
          é, manter a taxa de in ação na meta estabelecida pelo
          Conselho Monetário Nacional) e de assegurar o cresci-  CASTILHO,  M.;  MIRANDA,    P.  Tarifa  aduaneira
          mento econômico (isto é, retomar e manter taxas mais   como  instrumento  de  política  industrial:  a  evolução  da
          expressivas de crescimento do PIB real, com avanço da   estrutura de proteção tarifária no Brasil no período 2004-
          produtividade média agregada). Se ambos os objeti-  2014. In: MESSA, A.; OLIVEIRA, I. M. (org.). A políti-
          vos forem mais balanceados, o que não se observou no   ca comercial brasileira em análise. Brasília: Ipea, 2017.
          período entre a estabilização monetária, em 1994, e o  CIMOLI, M. et  al. Instituições e política industrial:
          momento atual, é possível que os executores da políti-  moldando o desenvolvimento industrial. Revista Brasi-
          ca macroeconômica brasileira sejam capazes de manter   leira de Ino ação, n. 6, p. 55-85, Rio de Janeiro, 2007.
          taxas de juros reais médias inferiores à taxa de retorno
          média sobre o capital, de preservar taxas de câmbio reais  CORDEN, W. M. Trade Policy and Economic Welfare.
          competitivas (isto é, real brasileiro subvalorizado, como  Oxford: Oxford University Press, 2. ed. Rev. 1997.
          ocorre atualmente) e de, consequentemente, dar supor-
          te à NIB, tornando suas missões exequíveis.         DOSI, G.; PAVITT, K.; SOETE, L.  e Economics of
                                                              Technical Change and International Trade.  London:
                                                              Harvester Wheastsheaf, 1990.
                                                              HELPMAN, E. Understanding Global Trade. Cambri-
                                                              dge: Harvard University Press, 2011.

         “        O problema maior é de natureza              KRUGMAN, P. R. Import protection as export pro-
                                                              motion: international competition in the presence of
                                                              oligopoly and economies of scale. In: KIERZKOVSKI,
                  prática. Os governos nem sempre             H. Monopolistic competition in international trade. Ox-
                  são capazes de articular de forma           ford: Oxford University Press, 1984.
               consistente e e ciente os instrumentos         KRUGMAN, P. R. Is free trade passé?. Journal of Eco-
                  de política econômica requeridos            nomic Perspectives, v. 1, n. 2, p. 131-144, 1987. Fall.
                   para que seus resultados sejam             KRUGMAN, P. R. Targeted industrial policies theory
                  bem-sucedidos. E de evitar que os           and evidence:. In: SALVATORE, D. (ed.).  e new pro-

               recursos públicos sejam transformados          tectionist threat to world welfare. North-Holland, 1988.
               em rendas improdutivas (rent-seeking)          LIN, J.; CHANG, H. J. Should industrial policy in de-
                 por parte dos setores privados que           veloping countries conform to comparative advantage
                  recebem tratamento diferenciado             or defy it? A debate between Justin Lin and Ha-Joon
                                                              Chang. Development Policy Review, v. 27, n. 5, p. 1-20,
                  desses programas governamentais             2009.
                                                        ”


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