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RBCE - A revista da



          presa vender ao mercado externo e atender aos seus clientes  “  O plano de ação mostra que o
          agilidade em função do acordo  rmado entre os países sig-
          natários. Esse é um benefício adicional que permitirá à em-

          internacionais com maior presteza e con abilidade.             investimento em inovação e
                                                                       incentivos ao desenvolvimento
          Outro aspecto do programa está ligado ao gerenciamen-
          to de riscos, notadamente como um programa de gover-        industrial passará por uma ampla
          nança corporativa, em que os processos da empresa são        atuação do governo, criando um
          vistos como mais bem integrados e organizados, com        vínculo entre as contratações estatais
          baixo índice de falhas. Como tal dependerá não apenas
          da área de comércio exterior de uma empresa, mas de       de modo a impulsionar a inovação do
          outras áreas em prol de uma mudança de cultura cujo             setor produtivo brasileiro
          envolvimento deverá ser da empresa como um todo, vis-                voltado à defesa
          to que diversas áreas estarão ligadas e em busca da me-
          lhoria de processos. Isso traz uma mudança na empresa,
          levando a uma cultura voltada à melhoria de processos                                             ”
          internos e de atuação perene nos mercados globais.

          Do exposto, importa perceber que os dois instrumentos  E o plano do governo brasileiro para reindustrialização tem
          – de redução de custos e de maior agilidade no comércio  levado em consideração a ampliação dessa forma de gera-
          exterior – podem ser ferramentas para a execução das  ção de energia. Isso está em linha direta com o que o mun-
          missões da NIB, em especialno caso da base da indústria  do tem pensado, visto que há um movimento global pelo
          de defesa e no caso da indústria nuclear na missão de  aumento da produção energética nuclear. Aliás, a Agência
          descarbonização da produção de energia.             Internacional de Energia (IEA) a rma haver a necessidade
                                                              em se dobrar a capacidade de produção nuclear até 2050.

          A INDÚSTRIA NUCLEAR E A DE DEFESA                   Assim, as oportunidades encontram-se nas cadeias de
                                                              fornecimento para as empresas geradoras de energias
          Duas missões da neoindustrialização versam sobre um  verdes de base nuclear em atuação no Brasil, seja pelo
          tema bastante pertinente: a indústria nuclear no Brasil.   desenvolvimento tecnológico local, seja pela busca de
          A primeira é a descarbonização da produção de energia,   fornecedores internacionais capazes de transferir tecno-
          tratada na Missão 5, enquanto a segunda está ligada à  logia e suprir os novos empreendimentos ligados à ener-
          defesa nacional, aludida na Missão 6.               gia nuclear verde e demais nichos a serem atendidos,
                                                              relacionados à descarbonização da estrutura econômica.
          A  Missão  5  versa  sobre  bioeconomia,  descarbonização,  Em outras palavras, a indústria nuclear e os usos dos ins-
          transição e segurança energéticas para garantir os recursos  trumentos de redução de custos de importação e do pro-
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          para as gerações futuras.  A ideia do governo neste caso é de  grama OEA incentivam que a missão 5 do governo seja
          que a produção nuclear de energia certamente há de ter pa-  atendida ao longo dos próximo dois anos, no mínimo.
          pel importante em uma matriz energética de baixa emissão.
                                                              Cabe destacar que a indústria nuclear é também impor-
          Atualmente especialistas e advogados das energias ver-  tante no contexto da missão 6 – da Base Industrial de
          des têm defendido a energia nuclear como uma forma  Defesa. De fato, o desenvolvimento da indústria nuclear
          de geração segura para o meio ambiente e de baixo im-  no Brasil está inserido na missão 6: tecnologias de inte-
          pacto, aliada à sua capacidade produtiva bastante sig-  resse para a soberania e defesa nacionais. 2
          ni cativa. Isso signi ca que a produção nuclear será de
          grande valia para um país que necessite ampliar seu mix  Hoje o país tem trabalhado  rmemente em projetos que
          de produção de energia elétrica. Note-se que não se trata  visam à defesa do território nacional com o uso da ma-
          de uma exclusão das demais energias verdes, mas uma  triz nuclear nesses projetos, os quais são capitaneados
          opção vantajosa e viável ao sistema elétrico brasileiro.  pela Marinha do Brasil, tais como o submarino nuclear

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          1  Brasil (2024, p. 77).
          2  Brasil, (2024, p. 92).


          Nº  158 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2024                                                       61
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