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Promoção de Exportações


          e digital trader promoter para operar em plataformas de  Hoje, já há, no Brasil, plataformas de comercialização de
          comércio globais e regionais, bem como nas formas ain-  bens (e até serviços) vocacionadas para ofertar soluções
          da tradicionais de acesso ao mercado externo, como par-  de e-commerce  (e soluções relacionadas ao pagamento
          ticipação em feiras e exposições, e de nição dos canais  internacional) para países da América Latina. Essas solu-
          de distribuição no exterior.                        ções não existiam antes da Covid – nem para bens, nem
                                                              para serviços –; mas agora plataformas nacionais espe-
          Isso tudo, num primeiro momento, pode ser feito e inicia-  cializadas em meios de pagamento internacionais estão
          do mediante um projeto-piloto entre as entidades repre-  ofertando soluções de comercialização (tipo e-commer-
          sentativas  do  comércio  tipo  CNC,  Ceciex  e  SIMPI-SP  ce) e soluções de meios de pagamentos internacionais.
          com a Funcex e com o apoio  nanceiro da ApexBrasil.   Por sua vez, a logística para a entrega do bem pode  car
                                                              a cargo dos serviços dos correios e/ou dos couriers. De
          Diante do exposto, para aqueles que têm de decidir  fato, as MPEs exportadoras comerciais ainda desconhe-
          sobre o quanto exportar em cada MPE exportadora     cem esse tipo de solução, e não têm uma cultura de usar
          comercial, o desa o atual é estabelecer e identi car os  o e-commerce e o digital trade internacional.
          riscos  nanceiros e operacionais que incentivem o cres-
          cimento da parcela de sua venda externa no total do fa-  Logo, a hora é de mobilizar empreendedores e empresas
          turamento. Superar esse desa o passa por ter estratégia   das MPEs exportadoras comerciais a descobrirem novas
          de vendas externas ao nível de cada empresa para identi-  oportunidades de exportação, mesmo num ambiente de
           car as oportunidades comerciais em gestação no atual   retração generalizada no exterior da atividade econômi-
          ambiente de negócios internacionais e, sobretudo, cap-  ca. De fato, há espaço agora para incentivar a inserção
          turar os ganhos de comércio.                        de MPEs exportadoras comerciais em novos canais de
                                                              comercialização e distribuição, e massi car a inserção
          É  preciso  compreender  que  o  desa o  dos  empresários  e  dessas empresas via inserção no digital trade.
          empreendedores  das  MPEs  exportadoras  comerciais  é
          enfrentar incertezas e riscos com relação à gestão dos seus  Cabe lembrar que a história do comércio exterior, no
          canais de distribuição. No momento, esses gestores terão  Brasil, mostra que com incentivos apropriados de for-
          de enfrentar questões conjunturais e estruturais nas áreas  mação de preços como o atual nível da taxa de câmbio
          de formação de preços de exportação, e de acesso ao mer-  real e efetiva, as MPEs exportadoras comerciais obterão
          cado  nanceiro de linhas de trade  nance. Sem dúvida, o  pedidos de exportações. Mas, devemos sempre lembrar
          desa o  desses  exportadores  será  apresentar  resultados  e  que para produzir e embarcar as mercadorias, elas preci-
          lucratividade nas operações de exportação.          sarão  nanciar o ciclo de produção de seus produtos, ou
                                                              terão que  nanciar seus compradores. Haverá, às vezes,
          Além disso, terão de lidar com a possibilidade de inser-  também a necessidade de  nanciar tanto a produção ex-
          ção de suas MPEs comerciais no mercado internacional   portável, quanto o comprador internacional.
          via digital trade.
                                                              Por isso, no tocante ao trade  nance, o desa o é superar
                                                              o acesso ao Sistema Financeiro Nacional, e temos aqui
                                                              que ressaltar o papel central dos bancos públicos – so-
                                                              bretudo o Banco do Brasil e o BNDES – e os bancos
                                                              privados para ofertar produtos e linhas na trade  nance.
                                                              Temos que lembrar que uma característica implícita ao
         “ Para aqueles que têm de decidir sobre              sistema  nanceiro é que ele trabalha, de um lado, sob
                  o quanto exportar em cada MPE               assimetria e informação incompleta de seus clientes po-
                                                              tenciais e efetivos, e de outro, sob um processo de se-
                  exportadora comercial, o desa o             leção adversa de projetos de negócios de exportação a
                 atual é estabelecer e identi car os          serem objetos de  nanciamento.
                  riscos  nanceiros e operacionais            Temos de buscar soluções para reduzir essa assimetria
                 que incentivem o crescimento da              de informações, para que bons projetos de exportação
                  parcela de sua venda externa no             sejam apresentados ao sistema  nanceiro, e  nanciados.
                        total do faturamento                  Agora é a hora de incentivar a ideação e a aceleração de
                                                              projetos de empresas comerciais exportadoras para se-
                                                        ”     rem apresentados ao sistema  nanceiro.


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