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Trade Finance












             Apertem os cintos... minha debênture sumiu!
















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                                                               head de Export & Agency Finance no Banco Santander Brasil


              Sergio Margutti



          Enquanto o mercado  nanceiro ainda se desentorpecia dos encantos de Trancoso, era chegada a hora de explicar aos
          investidores que a renda  xa não seria mais tão  xa assim. A partir do dia 2 de janeiro, o valor marcado a mercado
          dos títulos da dívida privada, como debêntures, Certi cados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e Certi cados de
          Recebíveis do Agronegócio (CRA), seria  nalmente visível para o investidor pessoa física. Essa alteração regulatória
          trazia consigo uma nova dinâmica, em que a oscilação do mercado passaria a afetar diretamente a rentabilidade das
          carteiras dos investidores.
          Agora, sob o modelo de “marcação a mercado”, os preços dos títulos seriam revelados, re etindo o valor que o inves-
          tidor pagaria, caso optasse por resgatá-los naquele mesmo dia. O valor do título oscila tanto para cima quanto para
          baixo, a depender das variações de mercado e do cenário econômico: quando as taxas de juros de mercado sobem,
          o preço dos títulos cai, e quando as taxas de juros caem, o preço dos títulos sobe, e quanto mais longo o prazo de
          vencimento do título, maior tende a ser a oscilação do preço, tanto para cima quanto para baixo.

          Aqui eu deixo uma explicação para você, leitor, que deve estar se perguntando: que taxa de juros é essa? Esse é um
          conceito  nanceiro fundamental para compreender o quanto você paga (como tomador de um empréstimo) ou
          recebe (como investidor).

          A taxa de juros pode ser de nida como a relação entre o valor contratado inicialmente e o que será pago ou rece-
          bido no  m de um período previamente acordado. Em outras palavras, a rentabilidade de qualquer operação, seja
          na forma de dividendos ou de dinheiro, pode ser classi cada como juros. Dessa forma, bancos e outras instituições
           nanceiras atuam como intermediários entre quem tem o dinheiro sobrando (poupador ou investidor) e quem
          precisa daquele dinheiro (tomador ou devedor). Nessa troca entre um e outro, surgem os juros.

          No Brasil, a taxa de juros mais conhecida é a Selic. Ela é a taxa básica de juros que referencia os juros de títulos pú-
          blicos emitidos pelo governo brasileiro. Isso signi ca que a Selic acaba in uenciando todas as outras taxas de juros,
          como as de empréstimos,  nanciamentos e aplicações  nanceiras, uma vez que se parte da premissa de que a taxa
          livre de risco do país (ou a menos arriscada) é aquela da entidade que irá referenciar toda a economia.

          De forma simpli cada, o valor da Selic aponta o que o governo paga de juros para aqueles que compram títulos
          públicos do Tesouro Nacional. A Selic é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Cen-

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