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RBCE - A revista da
Isso porque, de um lado, sabemos que anualmente o O projeto-piloto, no Rio de Janeiro, para a formação de
governo disponibiliza recursos orçamentários para - traders decorre do fato de que há no comércio de bens
nanciar as exportações das pequenas e médias empresas do estado cerca de 2 mil empresas na atividade exporta-
exportadoras, e esses recursos orçamentários não são dora e cerca de 2 mil empresas na atividade importado-
plenamente utilizados pelas empresas, seja por desco- ra. Cabe destacar que não se tem um número certo de
nhecimento, seja porque as empresas não sabem como empresas atuantes no setor de serviços no Rio de Janei-
propor, submeter, contatar e gerir uma operação de tra- ro. O fato é que há uma base de rmas/empresas que já
de nance com recursos públicos. De outro lado, apesar atuam no comércio exterior e que podem, por já estarem
da dedicação e do apoio dos bancos o ciais de comércio expostas à competição internacional, obter maiores ga-
exterior em identi car potenciais empresas exportado- nhos de produtividade, lucratividade e competitividade.
ras, eles acabam esbarrando no problema de assimetria
de informação e seleção adversa de se ter “bons” projetos Há, também, empresas já estruturadas que atuam no
de exportação. mercado doméstico que podem, dados os novos incen-
tivos, decidir reorientar suas atividades para o mercado
De fato, hoje há uma “nova” jornada a ser iniciada tanto externo. E, inclusive, pode haver o surgimento de star-
pelos operadores que estão situados em MPEs comer- tups com objetivos estratégicos – do tipo born global –
ciais não exportadoras, quanto por aqueles que atuam que podem ou querem atuar no maximercado, compos-
em MPEs comerciais exportadoras. É preciso incentivar to pela soma dos mercados interno e externo.
o mercado de trade nance.
Para realizar um projeto desse tipo deve-se abrir uma
Além disso, para o caso especí co das empresas comer- chamada e/ou convocação para alunos de relações inter-
ciais exportadoras é preciso: nacionais do Rio de Janeiro que queiram participar de
um trabalho voluntário para a formação de traders. O
(i) incentivar a formação de digital trader promoter de trabalho voluntário consistiria na participação de semi-
modo a aumentar e adequar a promoção comercial nários, cursos, workshops, visitas empresariais, trabalho
às exportações das empresas comerciais aos novos de inteligência, pesquisa e identi cação de oportunida-
requisitos de vendas e marketing internacional em des comerciais ou de medidas para melhorar/medir a
ambiente de digitalização dos negócios internacio- produtividade e a lucratividade das atividades ligadas ao
nais; comércio exterior. Esse trabalho será, em parte, presen-
(ii) identi car e difundir oportunidades comerciais cial e, em parte, virtual, com algumas sessões de team
que subsidiem o processo de tomada de decisão work presenciais e virtuais. Serão estabelecidos traba-
das MPEs comerciais com relação à sua jornada de lhos e reuniões para a apresentação desses resultados a
exportação; empresas ou players ou stakeholders institucionais.
(iii) elaborar e propor projetos de exportação de MPEs
comerciais ao mercado nanceiro de trade nance; e
(iv) potencializar a rede de contatos das empresas co- “
merciais com o Secom/Itamaraty ou com os escri- O governo disponibiliza recursos
tórios da ApexBrasil, ou ainda com a Funcex Euro- orçamentários para nanciar as
pa, em prol de um aumento do processo de identi- exportações das pequenas e médias
cação de oportunidades comerciais para exporta- empresas exportadoras, e esses recursos
ção, notadamente de países ou blocos comerciais.
orçamentários não são plenamente
Mas, o que realmente é prioritário no momento é desen- utilizados pelas empresas, seja por
volver um projeto-piloto no Rio de Janeiro para a for-
mação de traders associados a empresas comerciais pela desconhecimento, seja porque as empresas
Funcex na sua sede para, posteriormente, aplicá-lo em não sabem como propor, submeter,
outros estados. A ideia da formação de traders foi origi- contatar e gerir uma operação de trade
nalmente exposta em Cordeiro (2023) para o caso geral nance com recursos públicos
das empresas exportadoras estreantes, e aqui foi adapta-
”
da ao caso das empresas comerciais.
Nº 155 - Abril, Maio e Junho de 2023 27