Page 59 - Edição 153 da RBCE Revista Brasileira de Comércio Exterior
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RBCE - A revista da
                           Agronegócio








             China: Requisitos Fitossanitários


             impostos nas Aduanas















                                                                                  Renato Pitta
                                                                        é professor da Fagran, Femar e Funcex

               Renato Pitta



          A China, sob a liderança de Xi Jinping, estabeleceu dois objetivos a serem perseguidos. O primeiro é, quando o
          Partido Comunista chinês celebrar o seu 100º aniversário, ter alcançado a construção de uma “sociedade moderada-
          mente próspera em todos os aspectos”. De fato, em 2049, o país irá comemorar um século da fundação da República
          Popular da China, após a guerra civil chinesa. Até lá, pretende ter se desenvolvido com vistas a ser um “país socialista
          moderno; próspero, forte, democrático, culturalmente avançado e harmonioso”. Esse objetivo foi predefinido em
          2021, um ano após a eclosão da crise global de saúde provocada pelo aparecimento do vírus da Covid-19.
          O segundo objetivo a ser alcançado em 2049 é a duplicação do rendimento per capita em relação a 2010. O forte
          enfoque no desenvolvimento da renda per capita irá salvaguardar a legitimidade do partido comunista no poder.
          Mas, atingir ambos os objetivos naquela data não será tarefa fácil por questões estruturais, tais como a diminuição
          dos dividendos demográficos – maior envelhecimento da população, bem como por causa do choque da pandemia.
          No entanto, a China já conseguiu aproximar-se dos níveis de rendimento médios mundiais e quase duplicou o seu
          produto interno bruto (PIB) ao longo da última década.

          Durante as últimas décadas, os analistas ocidentais têm apontado e previsto o colapso da China, sob o peso do
          aumento da dívida interna e o controle do Estado sobre a economia. Isso não se concretizou ainda. Agora os prin-
          cipais analistas argumentam que a China já não pode expandir a sua produção nacional a um ritmo razoável e não
          será capaz de sair da chamada “armadilha do rendimento médio”. Em outras palavras, a economia chinesa não será
          capaz de satisfazer as necessidades de uma população urbanizada, a menos que rompa com a economia liderada pelo
          Estado e permita que o setor capitalista floresça para atender às exigências de consumo da crescente classe média.
          É fato que, pela primeira vez desde os anos 1990, o crescimento real do PIB da China este ano e no próximo deverá
          ser inferior ao crescimento médio na região da Ásia Oriental. Este ano, o crescimento econômico será provavelmen-
          te inferior a 3% e, no próximo ano, subirá para cerca de 4,5%. Isso está muito abaixo do objetivo a longo prazo de
          crescimento de cerca de 5% ao ano.

          As principais razões desse resultado decorrem do impacto da Covid na economia chinesa e da política de Covid
          zero da China. O Ocidente adotou a política de confiar apenas nas vacinas para superar o pior do impacto da Covid
          na vida e na saúde das pessoas. Mas o vírus, sob várias formas, continua a espalhar-se pelas economias, causando
          ainda mais mortes e sobretudo doenças “longas de Covid”, que têm impedido milhões de pessoas de trabalhar.


          Nº  153 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2022                                                     55
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