Page 20 - RBCE131
P. 20

Política de Conteúdo Local



                E) O papel das empresas estatais na política de con-  Exigência de conteúdo local mínimo
                teúdo local
                                                                    •  Exigência de compromisso de conteúdo local mí-
                •  A maioria dos países examinados conta com uma        nimo nos leilões de energia
                    empresa petrolífera estatal. 14  De modo geral, essas
                    empresas têm um papel importante na implemen-   a)  Quebec, que tem um mercado potencial pequeno,
                    tação da política de conteúdo local seja por sua par-  vem adotando exigências de conteúdo local nos
                    ticipação, isolada ou em parceria com investidores  leilões de energia eólica desde 2003. Essa exigência
                    privados, na exploração das reservas de P&G, seja   evoluiu de 40% para de 60% a partir de 2005 (Kunt-
                    exercendo funções de agência reguladora do setor    ze e Moerenhout, 2013a, p.22-23).
                    ou de agência de promoção industrial.
                                                                    b) A Espanha iniciou a fabricação de turbinas para
                                                                        geração de energia eólica em 1994, depois de Dina-
                Políticas de conteúdo local em programas de             marca e Alemanha. Embora a Espanha utilize o FIT
                energias renováveis                                     como estímulo ao investimento na geração de ener-
                A expansão do uso de energias renováveis tem sido apoia-  gias renováveis, esse incentivo não é usado como
                da, na maioria dos países, por incentivos governamentais,   instrumento da política de conteúdo local. No en-
                que incluem o subsídio ao consumo dessas energias. Em   tanto, diversas províncias (Galícia, Navarra, Castela
                muitos países, essa política tem sido acompanhada de me-  e Leon, e Valencia) têm adotado uma política não
                didas que visam induzir a implantação e/ou a expansão   formalizada na legislação, estabelecendo exigência
                no país de produtores dos equipamentos utilizados na ge-  de conteúdo local como condição para a outorga de
                ração de energias renováveis. Em alguns casos, essas medi-  concessões para entrada no mercado. Galícia e Na-
                das têm incluído regras aplicáveis à demanda decorrente   varra adotam atualmente exigência de 70% de con-
                dos investimentos nessas novas fontes de energia com o   teúdo local (op. cit., p. 23).
                objetivo de canalizá-las para fornecedores locais.   c)  A África do Sul tem incluído exigência de conteúdo
                                                                        local em suas licitações de projetos de energia reno-
                Tais medidas têm assumido três conigurações alterna-
                tivas:                                                  váveis. A primeira rodada, realizada em 2011, esta-
                                                                        beleceu a meta de 35%. Os fornecedores locais, no
                •  exigência de percentual mínimo de conteúdo local     entanto, têm apontado essa meta como insuiciente
                    nas aquisições da empresa geradora de energia:      para garantir o emprego da indústria e a central sul-a-
                                                                        fricana de trabalhadores reivindica um aumento para
                   •  em compromisso assumido pelo gerador de           50% ou 65%. O governo decidiu aumentar a meta vi-
                       energia no leilão de energia ou na outorga de    gente na segunda rodada e nas rodadas subsequentes.
                       concessão;
                                                                    •  Exigência de conteúdo local mínimo como con-
                       como condição para fruição do incentivo à utili-  dição para fruição de incentivo à utilização de
                       zação de energia renovável (em geral, o mecanis-  energia renovável
                       mo de feed-in tarif – FIT). 15
                                                                    a)  Ontário. A política de conteúdo local para os inves-
                •  pagamento de bônus para o gerador de energia que     timentos em energia renovável foi introduzida em
                    atender um percentual mínimo de conteúdo local      Ontário em 2009, articulando-se ao mecanismo
                    nas suas aquisições.                                de FIT adotado como um incentivo à utilização de
                                                                        energias renováveis. A exigência de conteúdo local
                As políticas adotadas em diferentes países ou entidades   estabelece, para as diversas modalidades de energia
                subnacionais são apresentadas a seguir, agrupadas se-   renovável, as percentagens do valor total do projeto
                gundo as formulações apontadas.                         que devem ser adquiridas em Ontário, para que a

                                              ............................................................................
                14  Angola (Sonangol), Indonésia (Pertamina), Cazaquistão (Kazmunaigaz), Malásia (Petronas), Nigéria (Nigerian National Petroleum Corporation) e
                Trinidad e Tobago (Petrotrin).
                15  O mecanismo de FIT garante ao produtor de energia elétrica de fonte renovável um preço determinado por KWh por um certo período, geralmente
                entre quinze e vinte anos.

              16                                                                          Nº  131 -  Abril/Maio/Junho de 2017
   15   16   17   18   19   20   21   22   23   24   25