Page 17 - RBCE131
P. 17
RBCE - A revista da
das reservas de P&G, deixando de lado os instrumentos • Natureza da demanda da indústria de P&G
que visam aumentar a participação da população local no
suprimento da mão de obra requerida pela própria ativi- Aqui as alternativas são: (i) a demanda gerada pelos
dade petrolífera, bem como aqueles destinados a induzir investimentos de implantação e expansão do setor (ca-
a implantação, no país, de unidades industriais à jusante pex); e (ii) a demanda gerada pela operação da indústria
da produção de P&G. (opex).
A seção tem como referência básica estudo do Banco Mun- A demanda mais signiicativa é a gerada pelos investi-
dial, divulgado em 2013, que envolveu um amplo e cuida- mentos de implantação e expansão do setor. É também,
doso levantamento das políticas de conteúdo local adota- uma vez que associada à indústria de bens de capital e a
das nos últimos anos e de seus instrumentos. O estudo fo- serviços mais complexos, a mais relevante do ponto de
3
caliza, em particular, as experiências de Angola, Brasil, In- vista da diversiicação do parque manufatureiro e do de-
donésia, Cazaquistão, Malásia e Trinidad Tobago e, ainda, senvolvimento de setores intensivos em tecnologia. Por
Austrália, Gana, Nigéria, mas inclui também referências outro lado, dada a natureza descontínua dessa demanda,
pontuais às políticas adotadas em outros países. A escolha a sustentabilidade das atividades industriais e de servi-
4
desses países pelo Banco Mundial foi determinada pela dis- ços gerados requer, em muitos casos, que as atividades
ponibilidade de informações, pela experiência do país com desenvolvidas no país sejam competitivas no mercado
políticas de conteúdo local e pelo nível de desenvolvimento mundial. Por conseguinte, a viabilidade dessa alternati-
de sua economia e da indústria de petróleo local. Este texto va tende a estar restrita a países com estrutura industrial
não aborda a experiência brasileira. mais madura e, mesmo nesses casos, deve ser contempla-
5
da de forma seletiva.
Abrangência da política de conteúdo local 6 A demanda que subsiste na fase da operação da indús-
tria, notadamente a de produtos de menor conteúdo
A política de conteúdo local na indústria de P&G tem tecnológico, aparece como a mais adequada para a po-
como objetivo geral associar a demanda de bens e serviços lítica de conteúdo local de países com parque industrial
gerada pela implantação, expansão ou operação dessa in- menos desenvolvido.
dústria à implantação, consolidação ou expansão no país
de segmentos industriais contemplados por essa deman- • Extensão, na cadeia produtiva dos fornecedores
da. Essa política pode apresentar focos e abrangências al- do setor, em que a política de conteúdo local pre-
ternativas. tende explorar a demanda gerada pela indústria
de P&G
• Foco da política de conteúdo local
As alternativas aqui são: (i) apenas as compras do opera-
No tocante ao segmento da indústria de P&G ou etapa dor de seus fornecedores diretos e (ii) as compras reali-
da cadeia produtiva contemplada, a política de conteúdo zadas nas etapas anteriores da cadeia produtiva dos bens
local pode ter como foco: (i) as atividades de exploração, e serviços demandados pela indústria de P&G.
desenvolvimento e extração de P&G (atividades upstre-
am); e (ii) as atividades de reino e subsequente transfor- A política de conteúdo local de países que possuem
mação do P&G (atividades downstream). parque industrial pouco diversiicado e integrado, as-
sim como uma indústria de petróleo incipiente, tende a
As experiências aqui identiicadas estão claramente asso- contemplar apenas as compras diretas do operador. No
ciadas às atividades upstream. caso dos países com estrutura industrial mais complexa
............................................................................
3 O estudo resultou na divulgação de dois documentos pelo Banco Mundial: Tordo et al. (2013) e World Bank (2013). Dentre as fontes subsidiárias utilizadas,
destaque-se Hubauer e Schott (2013). O estudo resultou na divulgação de dois documentos pelo Banco Mundial: Tordo et al. (2013) e World Bank (2013).
3
Dentre as fontes subsidiárias utilizadas, destaque-se Hubauer e Schott (2013).
4 Chade, Guiné, México, Moçambique, Tanzânia, Timor Leste e Uganda.
5 Para uma análise da experiência brasileira, ver Guimarães (2012).
6 Para o detalhamento das políticas e instrumentos especíicos de cada um dos países focalizados nesta seção, ver o trabalho que originou este artigo, citado na
primeira página.
Nº 131 - Abril/Maio/Junho de 2017 13