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RBCE - A revista da




          e USD 500 mil para produção). O programa oferece
          também consultoria para ajustes de estratégia de produ-  “  A Comissão Europeia avalia os resultados
          ção das irmas.                                          do European Globalization Adjustment Fund
                                                                  como positivos, ao complementar e agregar
          Para o setor agrícola, a cada acordo de livre comércio   valor aos programas de apoio dos Estados
          irmado, o governo estabelece um plano de subsídios       membros. Reconhece, não obstante, que
          que alcança um total de US$ 1,2 bilhão por sete anos,    é subutilizado, jamais tendo empregado a
          a partir da entrada em vigor do acordo. A maior parte   totalidade dos recursos disponíveis para um
          dos recursos procede do próprio governo, mas se discu-              determinado ano
          te criar fundo de contribuição de indústrias e entidades
          comerciais que mais se beneiciam dos acordos de livre                                                 “
          comércio assinados. Há dois tipos de auxílio inanceiro
          para agricultores coreanos em vigor:
          •  compensação de até 90% das perdas resultantes da  De escopo limitado (atualmente USD 9 milhões em
             queda dos preços abaixo de 85% se comprovada vin-  empréstimos concedidos), o programa coreano vem
             culação com a importação de produtos agrícolas;   enfrentando críticas. 12  Em relação aos dois objetivos
                                                              principais (reestruturação da economia e angariar
          •  incentivo inanceiro para fechar negócio atual e co-  apoio para acordos de livre comércio), apenas o segun-
             meçar novo para determinados setores agrícolas, a  do parece ter sido cumprido, haja vista a continuação
             depender do acordo de livre comércio irmado: atual-  da política comercial coreana de ampliação de sua rede
             mente em vigor para criadores de gado e agricultores  de acordos comerciais. De 2008 a 2011, apenas oito
             de batata doce, batata, milho. Estima-se a ampliação   companhias pleitearam os benefícios do programa,
             da cobertura para incluir uvas, cenouras e mirtilos no   sendo sete contempladas, das quais 40% do setor de
             próximo ano, a depender da ratiicação dos acordos  alimentos processados. A partir da entrada em vigor
             de livre comércio com Turquia e Austrália).      dos acordos de livre comércio com UE e EUA em
                                                              2011, aumentou a demanda pelos benefícios do pro-
          No caso das irmas (inclusive as de alimentos processa-  grama. De 2012 a setembro de 2014, 57 irmas soli-
          dos), para poderem aderir ao programa, é preciso com-  citaram cobertura do programa, sendo 39 atendidas
          provar: (i) redução de 10% da produção ou vendas em   (Lysenko & Schwartz, 2015, p.16).
          um período de seis meses e (ii) aumento de importações
          originárias de países com os quais a Coreia conclui acor-  Entre as críticas ao modelo coreano, está primeiramente
          dos de livre comércio, de artigos idênticos ou similares  a pouca supervisão das concessões feitas, sobretudo no
          diretamente competitivos com a produção da irma,    que tange ao compromisso de seguir com plano de rees-
          bem como apresentar plano de reestruturação da estra-  truturação da produção e investimentos em competiti-
          tégia comercial da irma para melhoria de sua compe-  vidade. Ademais, questionam-se as formas de compro-
          titividade. Vale ter em mente que, quando lançado em  vação de dano oriundo de importações resultantes de
          2007, o TAA estabelecia como critério dano comprova-  acordos de liberalização. Entre as recomendações para
          do de 25% de redução no valor de vendas ou produção.  aprimorar a eicácia do programa, sugere-se que irmas
          A revisão efetuada em 2012 pelo governo coreano bus-  em setores cuja participação de importados seja superior
          cou corrigir o que se considerava um excesso de rigidez  a 50% do mercado sejam excluídas do programa – argu-
          do programa que comprometia sua eicácia, bem como  menta-se que nestes casos investimentos em competiti-
          se antecipar à demanda futura resultante da entrada em  vidade pós-abertura não seriam suicientes para avançar
          vigor dos acordos de livre comércio com os EUA e a UE  na participação de mercado que já era minoritária antes
          (Lysenko & Schwartz, 2015,p.15).                    da liberalização (Cheong & Chon, 2011:52).



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          11   Cheong, Inkyo & Cho, Jungran. Reform of Korea’s Trade Adjustment Assistance Program for its Bilateral FTAs with the EU and the US.
          Asian Economic Papers, MIT, 2011. Disponível em: http://www.mitpressjournals.org/doi/pdfplus/10.1162/ASEP_a_00050.
          12   Cheong & Jungran, 2011; Heo, 2012; Lysenko & Schwartz, 2015.

          Nº  129 -  Outubro/Novembro/Dezembro de 2016                                                     63
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