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RBCE - A revista da





             political outcome on legislation that gives rise to
             the basic issue of the cost of reer trade. (Hornbeck,   “
             2013, p.15)  5                                      Nos acordos de livre comércio, mesmo que haja
                                                                espaço para preservar a proteção de alguns setores
          Tanto nos EUA na década de 1960 quanto mais recen-        ultrassensíveis por razões econômicas ou
          temente, na UE, há o entendimento de que a liberali-    políticas, a regra geral passa a ser a eliminação
          zação comercial é benéica para a economia em geral,     da proteção em relação ao parceiro preferencial
          porém não sem custos, especialmente para os trabalha-
          dores que icam desempregados em razão da perda de
          competitividade frente aos importados e/ou de decisões                                                “
          de realocação da produção.

          Parte signiicativa dos programas de assistência a ajustes
          ao comércio está focada no reforço de benefícios sociais,
          com programas voltados especiicamente para trabalha-
          dores. É o caso do Fundo Europeu de Ajuste à Globaliza-  Dillon do GATT, em 1961. O TAA norte-americano
          ção (FEG). Há exemplos de programas across the board,   já nasce vinculando mandatos negociadores de política
          que abordam todos os setores (agricultura, indústria e  comercial à necessidade de prover assistência a trabalha-
          serviços) e se transformaram em verdadeiras políticas  dores e irmas afetados pela consequente liberalização.
          trabalhistas, com apoio para empresas e trabalhadores,   Inicialmente, o TAA estava voltado para a concessão de
          como no caso do programa de Assistência a Ajustes ao   benefícios sociais a desempregados, capacitação técnica
          Comércio (Trade Adjustment Assistance – TAA) dos    e realocação de trabalhadores, empréstimos e assistência
          EUA, que serve de modelo para o desenvolvimento de   técnica para irmas e deduções tributárias especiais:
          esquemas similares nos demais países. Há casos em que
          os programas são setoriais e ad hoc (Canadá), enquanto   Ater 1962, it would become diicult to consider new tra-
          em outros a deinição de beneiciados depende da co-     de agreements authority without taking up TAA, and it
          bertura do acordo de livre comércio assinado, como no   became increasingly likely that prospects for congressional
          caso da Coreia do Sul.                                 support for new trade agreements would also hinge on
                                                                 such an accommodation (Hornbeck, 2013, p.7).
          O desenho destes programas também varia de país para
          país. Todos trazem um componente de capacitação téc-  Em sua primeira década de existência, o TAA pouco
          nica, tanto para trabalhadores quanto para irmas. Mui-  contribuiu para aliviar a pressão do aumento das im-
          tos contam com provisões de inanciamentos diretos,  portações. Em 1971, desde 1888, a balança comercial
          aumento de pagamentos sociais; consultorias de rees-  americana foi deicitária, o que, combinado com o au-
          truturação, garantias e empréstimos inanciados.     mento do desemprego, comprometeu o apoio ao TAA e
                                                              aos processos de liberalização comercial. Parte da pouca
          Por im, a durabilidade dos programas também é variá-  eicácia do TAA é creditada aos critérios restritivos de
          vel: há programas que vêm sendo renovados ininterrup-  elegibilidade para acessar os benefícios do programa,
          tamente desde a década de 1960 (EUA), outros têm sua   dentre os quais, a necessidade de comprovar que o au-
          duração limitada (Canadá e Coreia do Sul).          mento da importação fora resultante da redução tarifá-

                                                              ria e que conigurava a principal causa do dano à indús-
          Descrição dos programas                             tria ou ao trabalhador. A lentidão burocrática tampouco
                                                              contribuía para fazer chegar ao peticionário os benefí-
          •  EUA                                              cios do programa. A reforma contida no Trade Act (Lei
                                                              de Comércio) de 1974 visava justamente lexibilizar os
          O TAA foi o primeiro a ser lançado, em 1962, no âmbi-  critérios de elegibilidade do programa: a comprovação
          to das concessões tarifárias feitas pelos EUA na Rodada  de dano não mais precisava estar centrada apenas no

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          5   Hornbeck, J.F. Trade Adjustment Assistance (TAA) and Its Role in U.S. Trade Policy. Congressional Research Service. 2013. Disponível
          em: https://www.fas.org/sgp/crs/misc/R41922.pdf.

          Nº  129 -  Outubro/Novembro/Dezembro de 2016                                                     59
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