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RBCE - A revista da
Por isso, o jurídico deve atuar em estreita colaboração
com as áreas de marketing, produto e atendimento. Essa “
sinergia garante que a experiência do cliente respeite Internacionalizar é mais do que abrir um
o contexto cultural e, ao mesmo tempo, atenda às exi- novo canal de vendas. É construir uma
gências legais. A atuação preventiva do jurídico reduz nova versão da empresa: juridicamente
riscos, melhora a reputação e confere segurança a parcei- sólida, culturalmente sensível e comer-
ros, investidores e consumidores locais.
cialmente viável. uando esses três
Em setores especí cos, como saúde, educação, ntechs pilares se equilibram, a presença global
ou alimentos, o nível de exigência pode ser ainda maior.
Certi cações sanitárias, licenças ambientais, regras de deixa de ser apenas uma ambição e passa
interoperabilidade e autorizações regulatórias devem a ser um diferencial competitivo real e
ser consideradas desde o início. Negligenciar esse pro- sustentável.
cesso pode inviabilizar a operação ou expor a empresa a ”
sanções severas.
uando bem executada, a localização jurídica e cultural
transforma a presença da empresa em algo mais do que
operacional. Ela se torna relevante, con ável e valoriza-
da no ecossistema local. A internacionalização, assim,
deixa de ser um simples deslocamento geográ co para
se tornar uma verdadeira imersão estratégica.
las abusivas ou descumprimento de ofertas. Ao proteger
Passo 5: Lançamento, marketing internacional e a integridade da comunicação, o jurídico contribui para
fortalecimento da presença global o fortalecimento do branding internacional da empresa.
Com o mercado estudado, o modelo de entrada de ni- Em startups digitais, o desa o se amplia: é necessário
do e a operação adaptada à realidade local, chega o mo- acompanhar normas sobre proteção de dados, direito do
mento de lançar a marca no novo país. Esta é uma etapa consumidor, concorrência e compliance setorial. Ope-
altamente estratégica e visível, em que a empresa se apre- rar em marketplaces, plataformas de streaming, apps ou
senta ao público, inicia sua comunicação com clientes e SaaS pode exigir regras especí cas em diferentes jurisdi-
parceiros, e começa a gerar tração no mercado-alvo. ções. Além disso, novos ativos – como marcas, slogans,
designs ou ferramentas – surgem nessa fase, e é essencial
O sucesso do lançamento depende de múltiplos fato- garantir sua proteção jurídica no país de destino.
res. Uma boa estratégia de marketing internacional vai
além da campanha publicitária: ela envolve o reposi- O lançamento marca também o início de uma nova eta-
cionamento da marca em um novo contexto cultural, a pa: a da consolidação institucional. Mais do que vender,
escolha dos canais adequados, o engajamento com co- é hora de construir reputação, gerar indicadores de de-
munidades locais e a construção de redes de validação. sempenho, adaptar a operação com base em aprendiza-
A comunicação precisa ser clara, respeitosa e cultural- dos locais, buscar parcerias estratégicas e se inserir em
mente ajustada. programas de aceleração, incubação ou investimento.
Nesta fase, o jurídico continua exercendo papel central. Neste contexto, o jurídico ajuda a revisar contratos, es-
Além de revisar contratos com agências, fornecedores, re- truturar novos ciclos de captação, ajustar cláusulas com
presentantes e in uenciadores, também protege a reputa- base na experiência prática da operação e proteger os ati-
ção da empresa. Um erro em uma campanha, uma omis- vos da empresa diante de seu crescimento.
são na política de privacidade ou uma cláusula mal redi-
gida em um contrato de parceria podem trazer impactos Internacionalizar é mais do que abrir um novo canal de
ampli cados em ambientes regulatórios mais exigentes. vendas. É construir uma nova versão da empresa: juri-
dicamente sólida, culturalmente sensível e comercial-
Também cabe ao jurídico garantir que todas as promes- mente viável. uando esses três pilares se equilibram, a
sas feitas ao consumidor estejam respaldadas legalmen- presença global deixa de ser apenas uma ambição e passa
te, evitando riscos como publicidade enganosa, cláusu- a ser um diferencial competitivo real e sustentável.
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