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Empresas
Startups em internacionalização: Oportunidades
para advogados e desa os jurídicos
Chiara Tracey Bolzon é consultora em Inovação e internacio-
nalização de startups
Chiara Tracey
Bolzon
INTRODUÇÃO
Nunca tantos brasileiros viveram fora do país. E nunca tantas startups brasileiras nasceram com o olhar voltado para
o mundo. Em 2025, estima-se que mais de cinco milhões de brasileiros residam no exterior com aproximadamente
400 mil migrando anualmente, desde 2023.
Ao mesmo tempo, o Brasil presencia um crescimento expressivo do ecossistema de inovação, para incentivar o
network dos atuais ou futuros empreendedores, com eventos realizados em todas as regiões, como o Web Summit
Rio, South Summit Brasil, Gramado Summit, Rio Innovation Week, SmartCity Expo Curitiba, VTEX Day, MEC
Show, Inova Tech Summit, HIS – Healthcare Innovation Show, Fórum da Manufatura, Manufacturing Summit,
Brasil ESG Summit e a tradicional Feira do Empreendedor do Sebrae.
A alta participação de jovens nesses encontros, sejam pagos ou gratuitos, revela um movimento importante: a for-
mação de uma mentalidade empreendedora com forte orientação internacional, baseada no desejo de atuar em
mercados mais promissores e desa adores.
Num primeiro momento, os jovens brasileiros, devido ao pouco domínio de línguas estrangeiras, normalmente o
inglês, buscam intercâmbio de estudos e vivência cultural principalmente na Irlanda e nos Estados Unidos. A ida
à Irlanda, por exemplo, é vista como uma ponte estratégica para aprender inglês, trabalhar e conhecer o mercado
europeu. Já os Estados Unidos continuam sendo o destino preferido para quem deseja empreender em escala, pela
força de seu mercado e clareza das regras para estrangeiros.
Muitos dos que hoje sonham em empreender já buscam experiências no exterior como forma de adquirir repertório,
avaliar riscos e expandir suas possibilidades. Com formação técnica ou acadêmica nas áreas de ciência, tecnologia,
engenharia, artes e matemática - o per l STEAM -, esses jovens vivenciam uma intensa imersão cultural e pro ssio-
nal em ecossistemas de inovação mais maduros. Desenvolvem assim o que se pode chamar de orientação externa:
uma perspectiva global que desperta o desejo de empreender com alcance internacional.
Inspirados por essas vivências, identi cam demandas pouco exploradas no Brasil e criam negócios que mesmo com
base nacional, já nascem com vocação internacional. Surgem então as chamadas startups born global com jeitinho
28 Nº 164 - Julho, Agosto e Setembro de 2025

