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Prática de Comex
Melhoria Contínua aplicada ao
Comércio Exterior
Helena Detzel
Machado da Costa
INTRODUÇÃO
Na complexidade das operações de comércio exterior, inseridas na ampla cadeia de suprimentos global, os desa os para
o gerenciamento e ciente de processos são muitos. Torná-los escaláveis e adaptáveis às especi cidades de cada tipo de
operação e às particularidades organizacionais de cada empresa exige visão sistêmica e abordagem estruturada.
Ao longo dos meus 25 anos de carreira, atuando em empresas globais de logística internacional e em indústrias de
diversos setores, observei que raramente se aplica, de forma estratégica, as ferramentas da qualidade com foco em
uma visão holística. A análise aprofundada de causas e efeitos, essencial para o alinhamento e o aprimoramento de
processos, muitas vezes é negligenciada — comprometendo a assertividade operacional.
Apesar de amplamente difundidas no ambiente corporativo, especialmente na indústria, as ferramentas da qualida-
de ainda são majoritariamente aplicadas com foco em produtividade fabril e, em menor escala, em processos admi-
nistrativos. uando se trata de logística e comércio exterior, sua aplicação ainda é incipiente, diante de um cenário
marcado por constantes urgências e pela cultura de “apagar incêndios” no dia a dia do comex global.
A tecnologia tem contribuído signi cativamente para a uidez das operações. É uma aliada poderosa, pois o pri-
meiro passo para resolver um problema é identi cá-lo — e, para isso, é necessário controle. Sem dados, os fatos se
perdem na rotina operacional. Indicadores (KPIs) e o monitoramento por meio de dados sólidos são fundamentais
para identi car oportunidades de melhoria e promover uma análise crítica e caz. No entanto, a tecnologia por si só
não resolve: é preciso o olhar humano, experiente e analítico, para extrair sentido desses dados e identi car a causa
raiz de um desempenho insatisfatório.
Felizmente, nos últimos anos, tive a oportunidade de explorar essas ferramentas tecnológicas e aplicá-las em con-
junto com as ferramentas da qualidade no contexto do comércio exterior e da logística. Isso tem ocorrido na mul-
tinacional do setor químico onde atuo, cuja cultura organizacional é fortemente voltada à melhoria contínua. A
empresa desenvolveu uma metodologia interna, que incentiva que todos os projetos passem por essa abordagem
antes de qualquer ajuste, implementação ou mudança de uxo.
Participando do desenvolvimento e da aplicação dessa metodologia, pude vivenciar o impacto positivo de uma
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