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RBCE - A revista da



          empresas que melhor compreendem os  uxos globais de
          insumos e atuam com visão estratégica de compras têm   “  O aço chinês, os sistemas hidráulicos tur-
          uma vantagem real, mensurável e sustentável.
                                                                     cos, os equipamentos elétricos europeus
          Conhecer fornecedores internacionais, explorar merca-       e os módulos industrializados asiáticos
          dos emergentes como China, Turquia, Vietnã e Índia, e
          negociar de forma direta com polos produtivos conso-       são ativos valiosos quando integrados a
          lidados, permite otimizar custos e melhorar a qualida-          uma logística bem planejada.
          de técnica dos materiais. O aço chinês, os sistemas hi-
          dráulicos turcos, os equipamentos elétricos europeus e
          os módulos industrializados asiáticos são ativos valiosos                                          ”
          quando integrados a uma logística bem planejada.

          Mais do que simplesmente comprar barato, trata-se de
          integrar cadeias logísticas e cientes, prever gargalos al-
          fandegários, cumprir normas técnicas e mitigar riscos  grau de digitalização, a capacidade de apresentar crono-
          cambiais. Empresas bem-sucedidas são aquelas que não  gramas mais con áveis, reduzir custos e mitigar riscos
          se limitam ao mercado local, mas atuam como players  por meio de soluções tecnológicas torna-se um diferen-
          globais — com inteligência, agilidade e domínio opera-  cial comercial.
          cional da cadeia completa de suprimentos.
                                                              Além disso, muitos  nanciadores internacionais já exi-
          Em muitos países da América Latina, a cultura de segu-  gem a adoção de práticas digitais como pré-requisito.
          rança do trabalho ainda está em fase de consolidação. Isso  Incorporar inovação não é apenas uma escolha técnica
          representa um desa o real para empresas que atuam em  — é uma exigência de mercado.
          setores de alto risco, como a construção civil e a infraes-
          trutura  pesada.  Acidentes,  afastamentos  e  passivos  judi-  Empresas que operam fora do Brasil, frequentemen-
          ciais não são apenas tragédias humanas — eles são falhas   te enfrentam modelos contratuais muito distintos dos
          de gestão e indicativos de projetos mal estruturados.  adotados nacionalmente. Contratos baseados em FI-
                                                              DIC, NEC, EPC-Turnkey ou BOT são comuns em
          Empresas que desejam manter a competitividade e a   obras  nanciadas por agências multilaterais.
          ética precisam adotar sistemas de gestão de saúde, segu-
          rança, meio ambiente e qualidade (SSMAQ) robustos,   Compreender esses modelos, suas cláusulas de força
          auditáveis e enraizados na rotina operacional. Não basta   maior, mecanismos de resolução de disputas e exigên-
          ter protocolos: é necessário viver uma cultura de preven-  cias de seguros e garantias é essencial. Um erro de in-
          ção, desde o planejamento até o pós-obra.           terpretação contratual pode comprometer o equilíbrio
                                                              econômico- nanceiro de todo o projeto.
          O desa o é maior em países onde a  scalização é limi-
          tada, o treinamento é escasso e a informalidade ainda é  Além disso, a arbitragem internacional, muitas vezes
          presente. Mas é aí que as empresas sérias fazem a dife-  prevista como solução de con itos, é uma ferramenta
          rença. Exigir EPIs, oferecer capacitação contínua, moni-  e caz e con ável, desde que a empresa esteja juridica-
          torar indicadores de segurança e integrar a gestão de ris-  mente preparada. A segurança jurídica é um ativo estra-
          cos aos cronogramas e escopos torna-se um diferencial  tégico e precisa ser planejada desde a fase de prospecção.
          de excelência técnica — e um dever moral inegociável.
                                                              O sucesso de uma operação internacional começa muito
          A construção civil vive um momento de ruptura tecno-  antes da primeira pá de terra. Envolve uma análise pro-
          lógica. Tecnologias como BIM (Building Information  funda de mercado, riscos políticos, estrutura econômi-
          Modeling), drones para mapeamento, sensores IoT,    ca, estabilidade regulatória e maturidade institucional
          inteligência arti cial, impressão 3D de concreto e pré-  de cada país-alvo.
          -moldados de alta performance estão mudando radical-
          mente a forma de projetar, construir e monitorar obras.  Ferramentas de análise geoeconômica, due diligencie téc-
                                                              nica e mapeamento de stakeholders locais são tão impor-
          Para empresas brasileiras que atuam em mercados exter-  tantes quanto o cálculo de volume de concreto. A atuação
          nos, dominar essas ferramentas, representa uma vanta-  com inteligência territorial permite a construção de estra-
          gem competitiva clara. Ao operar em países com menor  tégias sob medida, com menor risco e maior retorno.


          Nº  163 - Abril, Maio e Junho de 2025                                                              19
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