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Momento Atual
Construindo Pontes: Oportunidades e Desa os
no Setor de Construção na América Latina
Miller Soares Ru no Pereira é Vice Presidente Comercial
para América do Sul – Mota Engil
Miller Soares
Ru no Pereira
Falar de construção civil na América Latina é como abrir o mapa de um continente cheio de contrastes e oportuni-
dades. De um lado, temos países com uma infraestrutura em expansão, precisando de tudo: estradas, saneamento,
portos, escolas. Do outro, investidores e empresas prontas para colocar a mão na massa — desde que os riscos este-
jam bem mapeados. A grande verdade é que o setor de construção fora do Brasil pode ser tanto um campo minado
quanto um terreno fértil para crescer rápido e com impacto positivo.
Mas como saber onde investir primeiro? uais países estão realmente priorizando a construção dentro de seus
orçamentos públicos? uando a gente olha para o que cada país investe proporcionalmente ao seu PIB, dá para
ter uma boa noção de quem está mais sério nesse jogo. Peru, Colômbia e Panamá, por exemplo, têm mostrado uma
dedicação consistente ao desenvolvimento de infraestrutura, o que se re ete em ferrovias novas, obras hídricas e
energia renovável pipocando por todo lado.
E não é só isso. O dinheiro que banca essas obras vem de várias fontes: bancos de desenvolvimento como o CAF e o
BID, agências de fomento europeias, bancos chineses e, claro, investidores privados que enxergam retorno em mé-
dio prazo. Além disso, a política externa de países como os Estados Unidos e da União Europeia tem in uenciado
diretamente onde e como esses recursos são aplicados. Os BRICS também começam a entrar nesse jogo, com ban-
cos próprios e fundos focados em infraestrutura. Com o tratado de livre comércio entre Mercosul e União Europeia,
a tendência é que novos nanciamentos venham com ainda mais força.
No m das contas, entender quem está investindo e por que é uma das chaves para não entrar no mercado errado,
ou pior, perder o “timing”. O jogo da construção fora do Brasil é competitivo sim, mas também é cheio de chances
para quem sabe onde pisar e como jogar.
Você já se perguntou onde exatamente estão os maiores gargalos — e, portanto, as maiores oportunidades? Sane-
amento básico, energia renovável, mobilidade urbana e infraestrutura portuária despontam como setores que não
podem mais esperar. O dé cit acumulado nessas áreas clama por ação. Mais do que demandas técnicas, esses seg-
mentos representam urgências sociais.
Investir em saneamento é reduzir internações hospitalares. Apostar em energia limpa é garantir estabilidade ener-
gética e combater as mudanças climáticas. Apoiar a mobilidade urbana é devolver tempo e dignidade a milhões de
16 Nº 163 - Abril, Maio e Junho de 2025