Page 40 - RBCE 163
P. 40
Momento Atual
Dados de órgãos estaduais e municipais de desenvolvimen- OPORTUNIDADE ESTRATÉGICA
to econômico demonstram que cidades como João Pessoa, PARA O BRASIL
Maceió, Aracaju, Belém e Uberlândia vêm se consolidando
como destinos atrativos para empresas globais. Esse dina- À medida que a economia brasileira se diversi ca
mismo é resultado de uma combinação entre infraestrutura geogra camente e novas cidades ganham protagonismo
local, incentivos logísticos, políticas públicas pró-negócios no mapa dos investimentos estrangeiros, a presença
e o fortalecimento de uma nova geoeconomia regional.
de escolas internacionais tende a se consolidar como
Esse cenário encontra respaldo nos dados nacionais: em um elemento de infraestrutura essencial, tanto quanto
fevereiro de 2025, o Brasil registrou a entrada de US$ aeroportos, hospitais ou zonas industriais.
9,3 bilhões em investimento estrangeiro direto, segundo Em países com forte inserção global, como Canadá, Emi-
o Banco Central, o maior volume para o mês em mais rados Árabes e Singapura, o planejamento urbano e a po-
de uma década. Os recursos foram direcionados majo- lítica de atração de empresas estrangeiras já consideram a
ritariamente para os setores produtivos, o que sinaliza disponibilidade de escolas internacionais como parte da
a con ança do investidor internacional no potencial de equação decisória para novos negócios. Esse paradigma
longo prazo do país. O setor educacional acompanha começa a emergir também no Brasil, especialmente em
essa tendência, sendo cada vez mais percebido como in- estados que têm fortalecido suas agências de fomento.
fraestrutura estratégica para o desenvolvimento de ecos-
sistemas locais capazes de atrair e reter talentos globais. Essas entidades não apenas buscam atrair capital produ-
tivo, mas compreendem que atrair famílias de executivos
A cidade de Belém, além de seu papel logístico na região
Norte, se prepara para sediar a COP30 em 2025, um e especialistas quali cados exige uma oferta educacional
marco que a posiciona no centro das discussões globais compatível com seus padrões globais. Nesse contexto,
sobre sustentabilidade. O evento deve atrair mais de 40 escolas internacionais tornam-se um diferencial compe-
mil visitantes, entre delegações, jornalistas e agentes in- titivo para as cidades, um ativo intangível que aumenta
ternacionais, gerando uma demanda adicional por servi- a atratividade territorial e sinaliza preparo para integrar
ços, infraestrutura urbana e educação internacional. cadeias econômicas globais.
Na região metropolitana de Fortaleza, destaca-se o Com- Fomentar a abertura e expansão de escolas internacionais
plexo do Pecém com seu Hub de Hidrogênio Verde, fruto é, portanto, uma estratégia de desenvolvimento que atua
da parceria entre o Governo do Ceará e o Porto de Roterdã. em múltiplas frentes: educacional, econômica, diplomá-
Embora o hub esteja localizado em municípios vizinhos, é tica e social. Essa tendência ganha ainda mais força com a
Fortaleza quem concentra a estrutura urbana que pode rece- crescente aceitação, por parte de universidades brasileiras
ber as famílias que acompanharão esse novo ciclo de desen- de excelência, como Insper, FGV e Ibmec, de diplomas e
volvimento. A existência de uma escola internacional na ca- exames internacionais em seus processos seletivos.
pital cearense, portanto, não é apenas desejável, é estratégica.
Em diversas capitais e cidades médias, o número de alu-
Uberlândia, no Triângulo Mineiro, também se consolida nos matriculados em escolas bilíngues já supera o das
como polo logístico e tecnológico de alcance internacio- tradicionais escolas de idiomas, indicando uma mudan-
nal. A cidade já abriga centros de distribuição de grandes ça cultural profunda.
marcas e empresas multinacionais, e agora passa a contar
com a construção de um complexo do World Trade Cen- Cidades com visão estratégica podem incluir projetos
ter (WTC), reforçando sua vocação global. Esse tipo de educacionais de padrão internacional em seus planos de
investimento exige que o município ofereça serviços edu- desenvolvimento urbano, criando distritos integrados
cacionais alinhados aos padrões internacionais. que reúnam inovação, cultura e educação global.
Esses casos mostram que apostar em escolas internacio-
nais não deve ser apenas uma reação à presença de em- DESAFIOS E CAMINHOS
presas estrangeiras, mas sim parte de um planejamento
territorial mais ousado e proativo. Ao integrar a oferta Apesar do potencial evidente, a consolidação da educa-
educacional à agenda de desenvolvimento econômico, ção internacional como vetor de desenvolvimento no
essas localidades se tornam mais atrativas para empresas, Brasil ainda exige atenção a aspectos regulatórios, for-
famílias e projetos de vida conectados ao mundo. mativos e culturais.
24 Nº 163 - Abril, Maio e Junho de 2025