Page 48 - RBCE 162
P. 48

Seguro de Crédito às Exportações


         Não obstante, para ofertar maior robustez, a governan-  Acerca da exposição do FGE, o per l do Seguro Cré-
         ça do seguro de crédito à exportação tem sido constan-  dito à Exportação mudou signi cativamente nos últi-
         temente aprimorada. A solidez  nanceira do Fundo de  mos dez anos. O setor de infraestrutura, que antes era
         Garantia à Exportação (FGE), que sustenta o seguro de  o principal destino das garantias, cedeu espaço ao setor
         crédito à exportação, é um pilar essencial dessa política.  aeronáutico, cuja participação na exposição do fundo
         Recentemente, a gestão de risco do FGE foi fortalecida a  aumentou de 30% para 70%. Paralelamente, temos tra-
         partir da aprovação de uma política de subscrição de ris-  balhado para diversi car o uso do seguro de crédito em
         cos responsiva à evolução do risco de crédito da carteira.   outros segmentos estratégicos, ampliando a divulgação
                                                              e promovendo sua adoção. Em 2024, esses setores já re-
         O fundo tem apresentado crescimento patrimonial con-  presentaram 80% do total de operações aprovadas. Um
         tínuo, alcançando R$ 49 bilhões em 2024. Atualmente,   destaque é o setor de defesa, que apresentou um cresci-
         sua exposição, de aproximadamente US$ 5 bilhões, é me-  mento expressivo, atingindo 32% do volume  nanceiro
         nor do que o seu próprio patrimônio, evidenciando um   aprovado em 2024. Esse segmento se bene cia de pro-
         per l conservador em comparação com padrões interna-  dutos essenciais para a competitividade internacional,
         cionais, que costumam operar com elevada alavancagem.   como bid bond, performance bond e refundment bond,
                                                              que os ajudam a se posicionar estrategicamente em um
         Apesar dessa robustez, operar no orçamento público   contexto de gasto mundial crescente no setor.
         impõe desa os. A lógica orçamentária, rígida e anuali-
         zada, difere do modelo atuarial de gestão de risco, po-  Como forma de ampliar o potencial do produto, ve-
         dendo gerar insegurança na execução orçamentária em   mos as parcerias estratégicas com atores internacionais
         caso de sinistros inesperados, além de limitar o poten-  como essenciais. Após anos afastados das discussões in-
         cial de oferta de garantias. Trata-se de um diagnóstico  ternacionais, a ABGF voltou a integrar a Berne Union,
         histórico dos órgãos governamentais sobre o tema. Em   entidade que reúne as principais agências de crédito à
         coordenação com a Camex e o Ministério da Fazenda,   exportação do mundo. Também retornamos à mesa de
         estamos estudando a implementação gradual de um      discussão com as agências membros dos BRICS. Em
         modelo  nanceiro autossustentável para garantir pre-  2024, assinamos um memorando de entendimento com
         visibilidade e fortalecimento do produto, um tema que   a UK Export Finance (UKEF), agência britânica de cré-
         será conduzido com base em diálogo constante com os   dito à exportação, para cooperação técnica e comparti-
         usuários do sistema, incluindo exportadores e bancos,  lhamento de risco. Essa estrutura pode ser decisiva na
         para assegurar que as soluções desenvolvidas atendam às   aprovação de operações em mercados mais desa adores,
         necessidades do mercado.                             aumentando o apetite por projetos com maior risco de
                                                              crédito. Também estamos em tratativas com outras enti-
                                                              dades internacionais para expandir esse modelo.

                                                              Outro marco recente foi a retomada do Seguro Crédi-
                                                              to à Exportação para MPMEs, em julho de 2024. Esse
                                                              instrumento, essencial para pequenos exportadores, foi
                                                              reformulado para oferecer condições facilitadas e pro-
                                                              cessos mais ágeis. O novo modelo, desenvolvido em
                                                              parceria com o MDIC, já mostrou resultados positivos,
         “       Após anos afastados das discussões           com US$ 12 milhões (R$ 70 milhões) em aprovações
                                                              desde seu lançamento. Mantendo esse ritmo, ao  nal de

                  internacionais, a ABGF voltou a             12 meses, superaremos em 75% o ano recorde de apro-
                                                              vações para MPMEs.
               integrar a Berne Union, entidade que
               reúne as principais agências de crédito        Inicialmente, o seguro está sendo operado junto ao
                                                              PROEX Pré-Embarque, operado pelo Banco do Brasil,
                 à exportação do mundo. Também                mas em breve será expandido para outras modalidades.
                  retornamos à mesa de discussão
               com as agências membros dos BRICS              O desa o agora é ampliar esse alcance. Em outros países,
                                                              as MPMEs costumam representar parcela signi cativa
                                                        ”     das aprovações anuais de seguro de crédito à exportação.


         42                                                                   Nº  162 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2025
   43   44   45   46   47   48   49   50   51   52   53