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Traders








             O Crescimento de Aventureiros no Mercado de


             Exportação de Commodities:


             Desa os e Oportunidades











                                                                              Alexander Von Erlea
                                                                        é fundador e CEO da A1 Comexport

              Alexander Von
                 Erlea

           uem trabalha com commodities agrícolas certamente já se deparou com demandas desquali cadas, seja pelo vo-

          lume requerido, pelo preço-alvo ou pelo formato proposto, que não condizem com as práticas e regulamentos que
          regem cada um dos mercados nos quais os exportadores brasileiros estão inseridos. Essas situações são corriqueiras;
          várias pessoas ou empresas que não são desse meio tentam, de alguma forma, participar de um mercado pujante no
          qual o Brasil desempenha um papel de protagonismo no cenário mundial. É compreensível que estrangeiros con-
          siderem que o simples contato com um brasileiro lhes abrirá as portas para acessar fornecedores dos mais diversos
          produtos presentes em nosso portfólio. A intenção pode ser legítima, já que uma pessoa que resida no país teria mais
          chances de fazer as conexões corretas nessa busca. Mas, na imensa maioria das vezes, esse caminho é frágil e um tanto
          perigoso.

           uando buscamos um bom médico, nos aconselhamos com outros médicos ou com pacientes que tenham sido

          bem atendidos.  uando queremos comprar um computador para uso mais so sticado, precisamos do aconselha-
          mento de um especialista para garantir que encontraremos o produto com as especi cações que atendam nossas

          necessidades. Por que no mundo das exportações de commodities isso seria diferente? Como é possível que receba-
          mos demandas recorrentes de pessoas que nunca estiveram inseridas nesse segmento e que sequer conhecem seu
          funcionamento básico? Obviamente, há exceções; uma pessoa ou empresa de outro mercado pode, sim, fazer boas
          conexões comerciais e conduzir essas relações com qualidade e pro ssionalismo, mas isso é raro.

          Importa ressaltar que, até hoje, os operadores do setor nunca haviam se deparado com essa quantidade e frequência
          de demandas. Ao examiná-las, percebemos que alguns pontos muito importantes, graves, e sobretudo equivocados,
          têm se tornado recorrentes. Outro aspecto que reforça essa preocupação é que, ao conversarmos com outros players
          do mercado em eventos especializados, congressos ou reuniões de associações, noto que essa situação os alcança
          também.

          O motivo dessa preocupação decorre do fato de que, nos últimos anos, a globalização e o avanço da tecnologia fa-
          cilitaram o acesso à informações sobre o mercado de commodities. Plataformas digitais e redes sociais oferecem uma
          visibilidade sem precedentes para novos entrantes, que frequentemente são atraídos pela promessa de altos lucros.
          Entretanto, essa acessibilidade também tem contribuído para a proliferação de aventureiros sem a experiência ne-
          cessária, o que traz à tona a questão da quali cação das demandas que chegam aos exportadores brasileiros.

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