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RBCE - A revista da
                              Traders








          O papel da BRCC e a importância das

          Empresas Comerciais Exportadoras


          Brasileiras e de seus traders num


          mundo multipolar









                                                                          Alfredo Cotait Neto
                                                                          é presidente da CACB


           Alfredo Cotait
             Neto

          Em um ambiente de negócios internacionais cada vez mais VUCA – volátil, incerto, complexo e ambíguo – fruto
          de uma transição de uma hegemonia econômica e política unipolar para uma multipolar, a importância de contar
          com empresas comerciais brasileiras compostas por traders qualificados para oferecer bens e serviços nacionais se
          torna peça fundamental no novo processo de inserção internacional do Brasil, decorrente da emergência lenta, gra-
          dual e inexorável desse novo mundo multipolar.
          De fato, o país é um global trader que possui uma diversificada oferta de bens e serviços que podem ser comerciali-
          zados para o exterior em um diversificado número de países consumidores. Isso é uma singularidade nossa: temos
          uma composição e oferta de bens e serviços tradables, e uma demanda potencial diversificada de mercados com-
          pradores no mundo. Como a nossa participação no mercado mundial historicamente é inferior a um por cento,
          há possibilidade de expandir essa participação a uma taxa de crescimento do mercado mundial se, e somente se,
          estivermos conectados e presentes em todos esses mercados com traders brasileiros que atuem em nome de nossas
          empresas comerciais exportadoras. Eles terão que apresentar e vender os bens e serviços nacionais, bem como adotar
          estratégias de entrada e penetração perene nas estruturas de distribuição no mercado internacional, seja em países
          desenvolvidos, seja em desenvolvimento.

          Sem dúvida, os traders são e serão cada vez mais relevantes no mundo multipolar. No esteio dos riscos geopolíticos
          em curso, fruto de ações de nearshoring, reshoring ou friendly shoring e de rearranjo do poder econômico entre
          nações e blocos econômicos, os traders nacionais desempenham e desempenharão ainda mais um papel essencial
          na navegação das complexidades de se fazer negócios em diferentes moedas, condições de crédito e financiamento
          distintas em cada país, e nas peculiares exigências dos consumidores intermediários ou finais.

          Diferentemente de uma economia unipolar, onde a dependência de um único mercado “globalizado” é predomi-
          nante, o mundo multipolar exige uma abordagem diversificada e flexível para alcançar novos mercados e se adaptar
          rapidamente às mudanças nas demandas globais. Os traders, com sua expertise em mercados internacionais, são
          capazes de identificar oportunidades, mitigar riscos e otimizar as operações de exportação. Eles funcionam como
          intermediários estratégicos que conectam produtores e consumidores de diferentes partes do mundo, facilitando o
          fluxo de bens e serviços. A capacidade dos traders de operar em múltiplos mercados e lidar com as particularidades
          de cada um deles é um ativo inestimável para empresas que buscam expandir sua presença global sem comprometer
          sua eficiência operacional.


          Nº  160 - Julho, Agosto e Setembro de 2024                                                         23
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