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RBCE - A revista da
Traders
Formação de Traders de
Recursos Naturais Renováveis no Brasil
Renato Pitta
é professor da Funcex, da Fagran, do
Renato Pitta Imapor e consultor de empresas
O Brasil é um país com pequena participação no mercado mundial de bens. Mas, quando se analisa as participações
brasileiras principalmente nos mercados de commodities oriundas de recursos naturais renováveis, se constata que
a participação nacional por tipo deste produto no mercado internacional é elevada. Sem dúvida, o país é um player
internacional relevante em algumas commodities. Essas são: café, algodão, cacau, soja, milho, carnes, ovos, óleos
vegetais, papel e celulose, e etanol proveniente de cana de açúcar.
Um outro fato a apontar é que o Brasil tem uma estrutura mais diversificada para exportar essas commodities que os de-
mais países ofertantes desses bens no mundo. Além disso, a extensão geográfica e a intensidade na produção nas terras
agriculturaveis e sua produtividade tornam o país muito competitivo na produção e na exportação dessas commodities.
Isso ocorreu em função do singular processo de abertura ao comércio e expansão das exportações de cada commo-
dity. Sob uma perspectiva histórica de longa duração, por haver demanda internacional por essas commodities, se
observa que existiu no passado um conjunto de traders localizados em antigas Companhias das Índias, e hoje em
tradings ou empresas comerciais, que primeiramente identificaram um diferencial positivo do diferencial entre o
preço do produto produzido aqui no Brasil vis à vis ao preço do mesmo produto no mercado internacional.
A existência desse diferencial positivo incentiva e gera a oportunidade para que esses traders possam obter lucro econômico
ao oferecer, vender e exportar esse bem a um cliente estrangeiro. Em função dessa oportunidade comercial, esses atores em-
presariais organizaram e transportaram esses bens dos quatro pontos geográficos do Brasil para o exterior. Ao fazerem isso,
esses traders entram e realizam um processo de arbitragem de preços internos e externos, e, conseguem movimentar carga
entre o Brasil e o exterior por haver a possibilidade de uma livre movimentação daqui até o destino final em outro país.
Ao cumprir os requisitos e as condições de arbitragem e de livre movimentação de cargas, o trader percebe que seu
lucro total será igual ao diferencial dos preços externo e interno observadas as quantidades embarcadas (expressas
em peso por quilograma ou em toneladas) menos o custo de transação e dos transportes envolvidos na operação de
exportação. Além disso, são estabelecidas entre comprador e vendedor características de qualidade e de rastreabili-
dade mercadoria a ser transportada.
Historicamente, essas commodities sempre caíram no gosto dos consumidores e compradores intermediários, no exte-
rior, porque sempre houve um aumento da demanda internacional desses bens nos mercados compradores no exterior.
Nº 160 - Julho, Agosto e Setembro de 2024 29