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RBCE - A revista da
operar nessas plataformas globais ou regionais. A livre que nunca exportaram, quanto pelas que já exportam
entrada desses “jovens traders” brasileiros nos mercados mediante a oportunidade de potencializar as inovações
de commodities está causando uma assimetria de infor- tecnológicas por meio do “digital trade”.
mações sobre os pedidos e as cotações das mercadorias.
Observa-se um ruído sobre informações de preços, de Também oportuno é incentivar e viabilizar uma parceria
quantidades e de fatores associados à qualidade e repu- público privada entre ApexBrasil, Mapa, Secom-Itama-
tação do comprador e/ou vendedor. O resultado é que raty e entidades representativas de empresas comerciais,
isso tem gerado alguma ine ciência no mercado. como Abece e Ceciex, além da Funcex e AEB. O objeti-
vo dessa parceria seria o de fazer com que os “jovens tra-
O fato a constatar é que com o advento das plataformas ders’’ brasileiros cassem em países selecionados. Esses
digitais, vários “jovens traders brasileiros” estão tentan- “jovens traders” ofereceriam, prospectariam e fechariam
do entrar e participar dos mercados de commodities aon- operações de commodities aonde a participação brasilei-
de existe uma reputação do Brasil de ser um fornecedor ra é diminuta. Esses jovens poderiam estar ligados ou
con ável. É compreensível o desejo dos “jovens traders associados às tradings desses bens no Brasil.
brasileiros” quererem participar e fechar operações para
ganharem uma comissão nos negócios. A nal, eles in- Algo desse tipo foi feito nos anos setenta e oitenta do
vestem tempo para identi car estrangeiros e para abrir século passado, no Brasil, sob nome de programa Citre
portas para acessar compradores internacionais. Vale – ideia do saudoso embaixador Paulo de Tarso do Ita-
lembrar que o desejo e o propósito para lucrar via arbi- maraty. Basta apenas reproduzir a ideia, e, hoje, a Apex
tragem de preços internos e externos é a razão do jovem dispõe dos recursos nanceiros necessários para a sua
brasileiro Ser Trader. Bom que eles tenham esse propó- realização. Só precisa apenas ser convencida da impor-
sito e persigam isso. Mas, é preciso ter uma maior oferta tância de formar os “jovens traders”, e apoiar a sua per-
de educação para que esses “jovens traders”’ se lancem manência nos mercados alvos no exterior.
no mercado internacional, inclusive ajudando a melho-
rar a imagem e a marca Brasil. Por m, cabe destacar que o futuro do comércio interna-
cional de commodities dependerá da capacidade de todos
Para que isso ocorra é preciso que os “jovens traders” te- os atores envolvidos — tanto os novos traders quanto os
nham acesso a maior educação via, por exemplo, uma veteranos — se adaptarem ao mundo das plataformas.
multiplicação de oferta de cursos de exportação de com- Mas, temos de oferecer maior quali cação e oportuni-
modities já realizada pela Funcex, desde que haja um dades para os “jovens traders” brasileiros. Esses precisam
pouco mais de realismo de operações de commodities a aprender as melhores práticas comerciais para garantir
partir de cases concretos. É preciso que os mesmos sejam a integridade das transações comerciais. Isso vai contri-
capacitados em saber identi car as estratégias de entra- buir para a manutenção da reputação do Brasil como
da no mercado internacional para se vender novos e tra- um exportador con ável e responsável de commodities
dicionais produtos de commodities, tanto por empresas no cenário global.
Imagem de Cezary por Pixabay
Nº 160 - Julho, Agosto e Setembro de 2024 31