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Promoção de Exportações


          Sob uma perspectiva histórica, pode-se dizer que esse  ainda redução do Custo Brasil – expandir a corrente de
          oceano de possibilidades para obter ganhos de comércio  comércio exterior nacional ao longo dessa década.
          no passado foi conquistado pelo Brasil, que estabeleceu
          e desenvolveu relações comerciais de compra, venda de   Temos, podemos e devemos potencializar a expansão de
          bens, serviços e assets (títulos e haveres). Sem dúvida, ve-  produtos brasileiros nos mercados em que há acordos
          ri ca-se que há:                                    comerciais já  rmados – principalmente no âmbito da
                                                              Aladi, e com os nossos parceiros do Mercosul. Deve-
          (i) queda nos custos de comunicação;                mos identi car os produtos que já exportamos e cotejar
                                                              com as cláusulas de nação mais favorecida no âmbito da
          (ii) queda nos custos de transportes;               OMC, para serem objeto de ações de promoção comer-
                                                              cial especí ca realizadas em parceria entre a Apex-Brasil
          (iii) queda nas tarifas aduaneiras que são cobradas nas   e o setor privado. Além disso, potencializar os acordos
             fronteiras;                                      de facilitação de comércio já  rmados e agregar e assinar
                                                              novos acordos com outros países deve ser uma priorida-
          (iv) o estabelecimento de acordos preferenciais e de
             complementação econômica que incentivam as tro-  de. Aliás, é estratégico e prioritário expandir o sistema
             cas entre o Brasil e seus parceiros comerciais;  operador econômico autorizado (OEA), adicionando
                                                              empresas exportadoras fortemente usuárias do sistema
          (v)  uma contínua entrada, maior variedade e diversi ca-  de  drawback  com incentivos no uso de seus serviços.
             ção de bens, serviços e assets realizados pelos opera-  Esse procedimento simples poderia criar verdadeiras e
             dores – traders – que atuam nas pontas de compra e   competitivas plataformas de exportação e, com um pou-
             venda internacional;                             co de apoio do  sco federal e estadual – com um foco
                                                              e olhar para essas plataformas –, evitar a incidência de
          (vi) cada vez mais empresas, no Brasil, vendendo e com-  acúmulo de ICMS e a necessidade de se usar o Reintegra
             prando bens para exportar (em 2021 somavam cer-  nas operações de exportações.
             ca de 31 mil), e para importar (em 2021 eram cerca
             de 44 mil);                                      Isso mostra que com algum esforço dos governos federal
                                                              e estadual, sobretudo pelo desejo de fazer negócios no ex-
         (vii) geração de economias de escala e de escopo que  terior dos empreendedores e dos gestores que atuam nas
              estão sendo obtidas em nível de chão de fábrica e  empresas  nacionais,  é  lícito  esperar  um  movimento  em
              em determinados setores expostos ao comércio ex-  prol de maior orientação externa das empresas brasileiras
              terior; e                                       nos próximos anos, apesar do atual cenário internacional.
                                                              Há  riscos  e  incertezas,  gerando  tensão  econômica  e  ge-
         (viii) em nível de  rmas, otimização e inovação de tec-  opolítica, mas que podem ser amortecidos se se criarem
              nologias de produto e processo e intensi cação do   oportunidades de comércio. Por sua vez, essas oportuni-
              uso dos recursos naturais e otimização das dota-  dades  passam  pela  potencialização  das  nossas  vantagens
              ções de fatores.                                comparativas estáticas e dinâmicas de modo a incentivar
                                                              simultaneamente a transformação da estrutura produtiva
         A  nossa  estrutura  de  bens  e  serviços  –  historicamente  –  e uma maior orientação externa da economia brasileira.
         sempre  foi  moldada  e  conformada  notadamente  pelos
         bens intensivos em recursos naturais renováveis (oriun-  Para potencializar as vantagens comparativas estáticas e
         dos  do  agronegócio)  e  recursos  não  renováveis  (pro-  dinâmicas do Brasil, os gestores e operadores do comér-
         venientes  das  atividades  de  mineração,  óleo  e  gás,  e  in-  cio exterior terão de superar os desa os de saberem como
         dústria  de  transformação)  que  são  comercializados  em  aplicar  a  tecnologia  digital,  sobretudo  as  exponenciais,
         diversos países e regiões do mundo – o que nos torna um   como inteligência arti cial, realidade virtual, manufatu-
         global  trader.  No  grupo  de  produtos  manufaturados  os  ra aditiva, biologia sintética, conectividade e capacidade
         mercados prioritários para as nossas vendas externas são  computacional em novos negócios voltados tanto para o
         América Latina e África. Em resumo, apesar da presença  mercado nacional, quanto internacional. Os gestores das
         do Custo Brasil e da perda de participação dos manufa-  empresas  atuantes  nas  exportações  e  importações  terão
         turados nos últimos anos, a pauta de exportação nacional   de implantar soluções com base em manufatura híbrida
         ainda se apresenta diversi cada em termos de produtos  –  no  chão  de  fábrica  –,  de  modo  a  aplicar  e  combinar
         e  mercados.  Essa  singularidade  permite  –  com  incenti-  essas soluções com os instrumentos da internet das coisas
         vos, como acesso a  nanciamento e seguro de crédito e  e os métodos da indústria 4.0 para gerar ganhos de pro-
         não incidência de resíduos tributários nas exportações, e  dutividade, lucratividade e competitividade.

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