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Promoção de Exportações








             Economia baseada em serviços e intangíveis.


             Por que o Brasil está  cando para trás?















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                                                           é fundador e CEO da WTM International, conselheiro administrativo
                                                            da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e diretor do GT
              Lisandro Vieira                              de Internacionalização da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate)



          “Não vamos possuir nada e seremos felizes.” Essa foi a fala da parlamentar dinamarquesa Ida Auken em um vídeo
          do Fórum Econômico Mundial, prevendo que, no futuro, tudo será consumido “as a service” e não mais puramente
          na forma de produtos.

          Possivelmente a parlamentar está atenta a dois movimentos que estão impactando frontalmente os hábitos de con-
          sumo, as cadeias produtivas e a economia dos países: a servitização e a intangibilização!

          O movimento de transformação dos hábitos de consumo para serviços vem acontecendo de forma tão natural que
          as pessoas não percebem, mas já consumimos intensamente itens como carros, alimentação,  lmes, música, trans-
          porte e vários outros na forma de serviços, seja pagando como assinatura periódica ou contratando eventualmente.

          Enquanto a servitização impacta mais os hábitos de consumo e provoca uma reorganização das cadeias de fornecimen-
          to, a intangibilização promove a desmaterialização da indústria e das cadeias produtivas, uma vez que faz com que algo
          antes consumido como um bem tangível, passe a ser consumido como um so ware, aplicativo ou experiência.
          Isso pode provocar a disrupção de toda uma indústria, de forma ainda mais relevante que a “convergência tecnológica”,
          que fez com que vários objetos que utilizávamos anteriormente evoluíssem em direção à união em um único dispositivo.

          A intangibilização tem “desmaterializado” muitos itens do nosso cotidiano nas últimas décadas. Como exemplo,
          podemos imaginar uma mesa de trabalho de um escritório nos últimos vinte ou trinta anos. Havia telefone  xo, jor-
          nais, revistas, livros, calendário, fax, agenda telefônica, mapas, calculadora, bloco de anotações e uma série de outros
          itens que hoje podem ser encontrados facilmente em um celular, computador, TV ou até geladeira, fazendo com
          que o consumo e a produção de muitos desses itens fossem reduzidos drasticamente ou mesmo extintos.


          E  UAL A CONEXÃO DESSAS TRANSFORMAÇÕES COM O COMÉRCIO EXTERIOR?
          Diferentemente dos bens tangíveis, os serviços e, principalmente, os intangíveis não “respeitam” fronteiras, não pas-
          sam por alfândegas e não dependem de aviões, caminhões, navios e contêineres para serem transportados e consu-
          midos em outros países. E isso pode ser muito bom ou muito ruim, dependendo de como nos posicionamos frente
          a essa situação, se a vemos como um problema ou como uma oportunidade.

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