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RBCE - A revista da



          Por sua vez, esses gestores precisam construir uma vi-  d)  formar  uma  nova  geração  de  assistentes  de  comércio
          são de futuro e perceber os desa os, as oportunidades  exterior capazes de lidar com a transformação digital
          e, sobretudo, os ganhos nos negócios passíveis de se-  em curso, que tenham talentos em temas de comércio
          rem montados, estruturados e implementados, no Bra-    exterior  e  que  entendam  de  certi cações,  de  normas
          sil, na área de comércio exterior. A realização plena do   voluntárias  de  sustentabilidade,  das  novas  regras  de
          potencial exportador da base das empresas oriundas da   câmbio, trade  nance e seguro de crédito. E dotar esses
          indústria, do comércio e de serviços ditas contínuas e  talentos com conhecimentos para – ao nível de chão
          descontínuas no Brasil requer uma atuação do governo   de fábrica – melhorar a lucratividade e os processos de
          para propor e gerir uma estrutura de incentivos econô-  forma contínua para uma produção ágil, rápida e com
          micos que, num regime de comércio aberto, elimine os   menores custos.
          riscos e incertezas associados a um eventual retorno da
          vulnerabilidade externa da economia brasileira.     O Brasil está diante de um novo choque externo, ope-
                                                              rando num ambiente Vuca, e esse quadro, provavelmen-
          Cumpre observar que para enfrentar a questão de como   te, tornará clara nossa fragilidade produtiva e nossa limi-
          reduzir a vulnerabilidade externa é imprescindível in-  tada capacidade competitiva. Essa realidade evidencia a
          centivar a capacitação dos gestores das empresas expor-  urgência de o país elaborar e implementar uma política
          tadoras estreantes brasileiras. Nesse contexto é preciso  de diversi cação das exportações, como aliás vem sendo
          construir, propor e executar uma “nova” promoção co-  proposta e defendida pelo atual presidente da Apex-Brasil,
          mercial das exportações, voltada para as empresas não  Jorge Vianna.
          exportadoras e/ou exportadoras iniciantes, e sensibili-
          zar sobre a importância de obter produtividade, lucrati-  Para conceber e executar uma política de diversi cação das
          vidade e sustentabilidade para as empresas exportadoras   exportações devem-se observar as seguintes propostas:
          contínuas. Essa questão é, por si só, um desa o. Ser pro-
          dutivo, lucrativo e sustentável requer saber usar os regu-  (i)   diversi car os produtos e serviços oferecidos ao exte-
          lamentos e os padrões do tipo ISO, e as normas voluntá-  rior de modo a incentivar um processo de transfor-
          rias de sustentabilidade para viabilizar a organização da   mação e que apresente variedade na composição da
          produção e do trabalho de forma competitiva e próxima   pauta de exportações de bens e serviços nacionais;
          aos padrões produtivos e sustentáveis de classe mundial.
                                                              (ii)  diversi car a origem e as regiões geográ cas, no Bra-
          Em resumo, apoiar, em pleno século XXI, a inserção das   sil, que podem ofertar bens e serviços com quali-
          empresas não exportadoras nas exportações e incentivar   dade e quantidade apropriadas para serem vendidos
          a internacionalização das empresas exportadoras é dis-  no mercado internacional, contribuindo para uma
          seminar ainda mais a cultura exportadora e aumentar     maior orientação sobre venda externa aos municí-
          a proporção das exportações das empresas estreantes,    pios brasileiros;
          contínuas ou descontínuas nas receitas totais das empre-
          sas. Isso requer solucionar carências e falhas de mercado
          mediante as seguintes ações:

          a) prover informações para que se reduzam os custos de
            fechamento das operações de câmbio, preferencial-
            mente pelo uso e a disseminação de plataformas ele-  “
            trônicas de câmbio;                                     Ser produtivo, lucrativo e sustentável
                                                                     requer saber usar os regulamentos e
          b) prover informações para que se aumente a quantidade
            de projetos de exportação passíveis de serem ofere-     os padrões do tipo ISO, e as normas
            cidos pelo setor exportador ao sistema  nanceiro         voluntárias de sustentabilidade para
            nacional, composto por bancos públicos e privados,      viabilizar a organização da produção
            por meio de plataforma de trade  nance;
                                                                    e do trabalho de forma competitiva e
          c) incentivar a formação de traders  aptos a operar em      próxima aos padrões produtivos e
            ambientes presenciais e virtuais de negócios interna-       sustentáveis de classe mundial
            cionais, capacitando-os a usar as plataformas de trade
                                                                                                             ”
            commerce; e, por último,

          Nº  155 - Abril, Maio e Junho de 2023                                                              13
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