Page 82 - rbce129
P. 82

Competitividade



          igualmente exportações e os investimentos, e por con-  acordos de comércio internacionais. Enquanto países
          sequência comprometendo a competitividade do setor  como o Chile e o México possuem, respectivamente,
          produtivo e a geração  de renda e emprego para a popu-  13 e 12 Acordos de Livre Comércio respectivamente, o
          lação brasileira.                                   Brasil possui apenas três (e outros 16 Acordos de Pre-
                                                              ferências Parciais, no âmbito da Associação Latino-A-
          Para tentar corrigir estas duas aberrações tributárias,  mericana de Integração – Aladi). O crescente número
          foram criados nos últimos 15 anos inúmeros Regimes  de acordos comerciais concluídos por nossos principais
          Especiais Tributários, como entre outros o Regime   parceiros impacta no deslocamento das exportações
          Aduaneiro Especial de Exportação e de Importação de   brasileiras em terceiros mercados. Neste contexto, o
          bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das   Brasil deve assumir uma posição agressiva para assegu-
          jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro), Regime   rar condições favoráveis de acesso a mercados para suas
          Tributário para Incentivo à Modernização e Ampliação   exportações, incluindo a conclusão de novos acordos
          da Estrutura Portuária (Reporto), Regime Especial de  comerciais e a exigência da correta aplicação das regras
          Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutu-  de comércio existentes.
          ra (Reidi), Regime especial de reintegração de valores
          tributários para empresas exportadoras (Reintegra),  Finalmente, concluo com outra tarefa inadiável: inves-
          nos quais se reconhece a necessidade da correção tribu-  tir com foco no ganho de produtividade industrial com
          tária almejada, mas por serem de vigência temporária  base na melhoria da educação e no investimento em
          e sujeitos a inúmeras regras burocráticas, não propor-  tecnologia aplicada. Recursos novamente não faltam, o
          cionam a efetiva segurança jurídica nem a simplicida-  que carece é uma gestão eiciente e focada na qualidade
          de operacional que seria desejável. Exportar impostos,  do ensino desde o básico até o proissionalizante, bem
          por exemplo, é algo inviável, torna o produto brasileiro   como estímulos vigorosos à inovação e ao desenvolvi-
          mais caro do que o similar de concorrentes estrangeiros.   mento tecnológico de nossas indústrias.
          A cumulatividade de impostos federais e estaduais nas
          cadeias produtivas exportadoras é tema reconhecido de  Se já izermos bem estas tarefas, com empenho e eiciên-
          desvantagem competitiva na economia brasileira há dé-  cia, nos próximos anos estaremos angariando uma com-
          cadas, mas mesmo assim perdura na inércia dos agentes   petitividade relativa melhor no futuro próximo, e assim
          públicos em enfrentar a sua correção deinitiva. Melhor   assegurando uma melhor qualidade de renda e de vida
          seria que não ocorresse a cumulatividade, que a gestão  aos nossos ilhos e netos neste maravilhoso país, econô-
          dos impostos fosse simples e objetiva como ocorre em  mica e politicamente tão maltratado ultimamente.
          outros países. Nada impede o Brasil de caminhar nesta
          direção da racionalidade tributária e burocrática. Hoje
          sabemos que reduzir a carga tributária de cerca de 35%
          sobre o produto interno bruto (PIB) não seria possível
          sem a reforma da previdência e da máquina estatal, mas
          por outro lado simpliicar imediatamente a estrutura
          brasileira é uma questão de vontade e inteligência.

          Outro grave problema a ser resolvido é o grande número
          da administração pública, que impactam diretamente “
          de normas e regulamentos referentes a diversos órgãos
                                                                       A cumulatividade de impostos
          nas operações de comércio exterior. A complexidade na        federais e estaduais nas cadeias
          interpretação e na implementação destas regras inibe a   produtivas exportadoras é tema reconhecido
          competitividade do setor exportador e estimula irregu-  de desvantagem competitiva na economia
          laridades nos procedimentos de importação. Segundo o     brasileira há décadas, mas mesmo assim
          relatório Doing Business  do Banco Mundial, o Brasil é  perdura na inércia dos agentes públicos em
          apenas o centésimo país em termos de facilidade para o   enfrentar a sua correção deinitiva. Melhor
          comércio exterior. O país precisa levar em consideração   seria que não ocorresse a cumulatividade,
          as melhores práticas internacionais para a consolidação   que a gestão dos impostos fosse simples e
          das normas de comércio exterior, com foco na redução      objetiva como ocorre em outros países
          dos procedimentos e na facilitação das operações. O
          Brasil apresenta uma participação muito pequena em


       80                                                                Nº  129 -  Outubro/Novembro/Dezembro de 2016 “
   77   78   79   80   81   82   83   84   85   86   87