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RBCE - A revista da



                                                              ENTRAR NO MERCADO: O  UE
                                                              AINDA PESA CONTRA


                                                              O primeiro grande desa o ocorre no momento de
                                                              transição da universidade para o mercado de trabalho.
                                                              O currículo das Relações Internacionais costuma ter
                                                              uma abordagem ampla, com forte carga teórica e pou-
                                                              ca ênfase em rotinas operacionais. Isso contribui para o
                                                              “choque de realidade” vivenciado por muitas mulheres
                                                              recém-formadas ao ingressar no setor privado de comér-
                                                              cio exterior.

                                                              Muitas vezes, após um ou dois anos de tentativa em áre-
                                                              as a ns, a pro ssional aceita uma vaga operacional com
                                                              pouca ou nenhuma relação com a teoria aprendida. Esse
                                                              cenário é agravado pela concorrência com outras áreas
                                                              acadêmicas mais técnicas, como Administração, Logís-
                                                              tica, Engenharia, Economia ou Direito.

                                                              Apesar disso, a formação em RI traz uma visão inter-
                                                              disciplinar, estratégica e diplomática, que pode agregar
                                                              valor ao mercado — especialmente em funções que exi-
                                                              gem mediação cultural, leitura política ou gestão de ris-
          O RETRATO DA MULHER NO                              cos internacionais.
          COMÉRCIO EXTERIOR


          Ainda há escassez de dados especí cos sobre a presen-  O  UE É PRECISO SABER:
          ça feminina no comércio exterior, mas informações de  COMPETÊNCIAS TÉCNICAS
          setores correlatos — como logística, relações interna-
          cionais e aduana — indicam uma forte predominância  Dominar idiomas estrangeiros, especialmente o inglês,
          masculina. De acordo com a Secretaria de Comércio   é um pré-requisito básico para atuar com comércio ex-
          Exterior (Secex) do MDIC, estudos s apontam para    terior em qualquer nível. Trata-se de uma competência
          uma baixa participação feminina em áreas técnicas e es-  que abre portas para negociações, leitura de documen-
          tratégicas do comércio internacional.               tos, trocas interculturais e atualização técnica.

          O acesso ao setor, muitas vezes, se dá por meio de redes
          mado à ausência de políticas institucionais de equidade,  “  por meio de redes informais domina-
          informais dominadas por homens, o que contribui para
                                                                     O acesso ao setor, muitas vezes, se dá
          a perpetuação da desigualdade de gênero. Esse fator, so-

          impõe barreiras silenciosas à ascensão feminina.          das por homens, o que contribui para
                                                                    a perpetuação da desigualdade de gê-
          Vale lembrar que jornadas exaustivas, ausência de po-     nero. Esse fator, somado à ausência de
          líticas de apoio à maternidade e estereótipos de gênero
          também di cultam a permanência e o crescimento das         políticas institucionais de equidade,
          mulheres nessa área. Ainda assim, observa-se um au-       impõe barreiras silenciosas à ascensão
          mento signi cativo da presença feminina em diferentes       feminina. Ainda assim, observa-se
          segmentos do setor: portos, aeroportos, empresas im-      um aumento signi cativo da presença
          portadoras e exportadoras, despachos aduaneiros, agen-
          tes de carga e demais operadores logísticos. Esse avanço,   feminina em diferentes segmentos do
          ainda que gradual, revela a ocupação de espaços antes                      setor.
          considerados inacessíveis para nós.                                                               ”


          Nº  164 - Julho, Agosto e Setembro de 2025                                                         47
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