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Câmbio e Pagamentos Internacionais
Operações de hedge em Renminbi:
oportunidades e desa os
Luiz Fernando da Silva, com 27 anos de experiência na área nanceira,
é Head de Tesouraria da Eldorado Brasil Celulose
Luiz Fernando Hsia Hua Sheng Hsia Hua Sheng é Vice Presidente e Diretor Executivo do Banco da China
da Silva (Brasil) e Professor Associado na FGV-EAESP
A relação comercial do Brasil com a China vem sendo desenvolvida positivamente ao longo de vários anos. No
entanto, as diferenças culturais, de idioma, distâncias geográ cas, fuso horário, modelo de gestão e tantos outros
aspectos têm trazido alguns desa os nas rotinas diárias dos empresários dos dois países, especialmente na gestão
nanceira de câmbio.
Com o aumento do comércio bilateral e com o interesse na redução da dependência do dólar em suas operações e
consequentemente reserva de moedas estrangeiras, Brasil e China realizaram um acordo recente para fomentar um
bu er de liquidez entre as suas moedas, desta forma buscando reduzir a dependência do dólar no câmbio entre as
mesmas. A ideia é constituir uma clearing house (Câmara de Compensação) no Brasil para fomentar empréstimos
e operações comerciais em renminbi/yuan, desta forma criando liquidez/reservas entre as moedas dos dois países e
assim evitando a necessidade de utilizar o dólar para a compra/venda dessas moedas.
Desde 2016 temos visto um movimento crescente de operações de crédito em renminbi no Brasil, os bancos chi-
neses realizaram diversas transações envolvendo as moedas de Brasil e China, tais como emissão de Bond Connect,
título de dívida, aceite e desconto de cartas de crédito emitidos em moeda chinesa, ETF Connect, Panda bonds etc.
Contudo é importante lembrar que o cenário geopolítico e a macroeconomia são dois fatores de extrema comple-
xidade por sua volatilidade e elementos não controláveis pelas organizações.
Diante do exposto, ao passo em que se observa uma oportunidade interessante no aspecto crescente de novos ape-
tites para crédito em moeda chinesa com custos extremamente competitivos, as corporações brasileiras que zeram
ou que pretendem fazer uso destas linhas precisam atentar-se ao resultado nal da sua exposição, que representa o
quanto de exposição patrimonial possuem nesta moeda. Na maioria das vezes, esse fator pode ser norteado pelas
políticas de riscos que cada corporação possui.
Neste sentido vale abordarmos e re etirmos sobre a necessidade de constituir-se uma estratégia de hedge e ciente
que contribua para a manutenção da competitividade da captação realizada e assim não deteriore o risco da exposi-
ção cambial da operação.
Para as empresas que não têm proteção contra a variação das moedas, o mercado nanceiro global tem visto um
aumento signi cativo no uso de instrumentos de hedge para mitigar riscos cambiais. No Brasil, o hedge de renminbi
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