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RBCE - A revista da
temas em discussão com suas realidades. A iniciativa Em terceiro lugar, a presidência brasileira elevou o re-
cumpre um dos principais objetivos da comunicação lacionamento entre governos e sociedade civil em temas
do G20 Brasil, de ampliar o alcance dos conteúdos da agenda internacional a um novo patamar. A renovada
e engajar diferentes atores da sociedade nos debates interlocução dos governos com os grupos de engajamen-
sobre a agenda do Brasil no grupo. to e a sociedade civil em geral terá lançado as bases de
algo que poderá muito possivelmente tornar-se a “ter-
• E-book com informações didáticas sobre a origem ceira trilha” do G20. Muito importante, a esse respeito,
e evolução do G20 até o formato atual. Explicações o compromisso assumido pelo governo sul-africano ao
sobre as trilhas de sherpas e de nanças, seus respec- nal da Cúpula do G20 Social: “we will host many en-
tivos grupos de trabalho e os grupos de engajamen- gagement group meetings, including the social summit”.
to da sociedade civil.
Por m, a continuidade das iniciativas e dos princípios
da presidência brasileira está assegurada. Em seu discur-
A PRESIDÊNCIA BRASILEIRA DO G20 so por ocasião da passagem simbólica da presidência, no
EM PERSPECTIVA dia 19 de novembro, o presidente sul-africano, Cyrill
Ramaphosa, anunciou que o tema da presidência do
G20 em 2025 será “Solidariedade, Igualdade, Sustenta-
Como avaliação geral, a presidência brasileira do G20 bilidade” e que as prioridades da nova presidência serão:
alcançou resultados importantes, em diferentes níveis.
(i) crescimento econômico inclusivo, industrialização,
Em primeiro lugar, o G20 foi reforçado em sua legi- emprego e desigualdade, (ii) segurança alimentar, e (iii)
timidade, não apenas com a primeira participação da inteligência arti cial e inovação para o desenvolvimento
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União Africana como membro pleno do agrupamento, sustentável.
mas igualmente com o início dos trabalhos do grupo de
trabalho de empoderamento das mulheres. Além disso,
o equacionamento do tratamento das questões geopo-
líticas permitiu a manutenção do consenso na aprova-
ção de documentos do G20, viabilizando não apenas
a declaração de líderes, mas igualmente a conclusão de
outras 21 declarações ministeriais variadas. Em síntese,
num contexto internacional turbulento e desa ador, o
G20 permanece sendo um importante “farol político”
do mais alto nível no que diz respeito aos principais te-
mas da agenda internacional. “
Em segundo lugar, a presidência brasileira, na esteira da Mais do que assegurar o devido
presidência de dois importantes países do “Sul Global” destaque a esses temas, a presidência
(Indonésia e Índia), privilegiou uma visão de mundo brasileira produziu resultados
que tem o ser humano, a inclusão social e o combate à oncretos, poucas vezes vistos no G20,
desigualdade no centro de suas preocupações. Mais do
que assegurar o devido destaque a esses temas, a presi- como a criação da Aliança Global
dência brasileira produziu resultados concretos, poucas contra a Fome e a Pobreza
vezes vistos no G20, como a criação da Aliança Global
contra a Fome e a Pobreza. ”
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13 Merece registro a intenção da presidência sul-africana de levar a cabo um exercício de re exão sobre os principais resultados alcançados pelo G20 desde
2008 e uma discussão sobre os trabalhos futuros do agrupamento, incluindo a questão da rotação das presidências, denominado “G20 at 20”. A esse res-
peito, recorde-se que a questão da rotação das presidências do G20 constou do parágrafo 94 da declaração dos líderes do G20 de 2011: “On December
1st. 2011, Mexico will start chairing the G20. [...] Russia will chair the G20 in 2013, Australia in 2014 and Turkey in 2015. We have also agreed, as part
of our reforms to the G20, that a er 2015, annual presidencies of the G20 will be chosen from rotating regional groups, starting with the Asian grouping
comprising of China, Indonesia, Japan and Korea”. Além do grupo regional referido na declaração (grupo 5), os outros grupos regionais estabelecidos à
época foram: grupo 1 (Austrália, Canadá, Arábia Saudita e EUA), grupo 2 (Índia, Rússia, África do Sul e Turquia), grupo 3 (Argentina, Brasil e México),
grupo 4 (França, Alemanha, Itália e Reino Unido).
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