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Ambiente de Negócios Internacionais
da agenda internacional que, embora relevantes, A trilha de nanças, por sua vez, inclui 7 grupos de
careçam de expectativas quanto a resultados pal- trabalho: Economia Global; Arquitetura Financeira
páveis, conferiria ao G20 características de “think Internacional; Infraestrutura; Finanças Sustentáveis;
tank”, sem mencionar o custo nanceiro e organi- Inclusão Financeira; Assuntos do Setor Financeiro; e
zacional para a presidência de turno. Poderia criar, Tributação Internacional. A esses grupos de trabalho se
por m, frustração por parte da opinião pública soma a Força-Tarefa sobre Finanças e Saúde.
com eventual percepção de “falta de resultados” do
agrupamento. Além dos grupos de trabalho e da força-tarefa elenca-
dos, a presidência brasileira estabeleceu três iniciati-
vas adicionais, todas com duração prevista de um ano:
A ESTRUTURA DO G20 E A duas forças-tarefa − Força-Tarefa para o Lançamento
PRESIDÊNCIA BRASILEIRA de uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza
e Força-Tarefa para a Mobilização Global contra a
Mudança de Clima − e uma Iniciativa sobre Bioeco-
Ainda que não haja propriamente uma “estrutura o - nomia, cujo objetivo foi promover o diálogo e a ação
cial”, o G20 tem uma organização básica que se perpetua internacional sobre a bioeconomia, paradigma socio-
a cada presidência. 7 econômico promissor que combina o uso de recursos
biológicos, produzidos de forma sustentável, com alta
Em grandes linhas, o agrupamento é constituído por tecnologia. Além da duração restrita, ambas as forças-
duas trilhas: (a) a de sherpas e (b) a de nanças. No Bra- -tarefa foram criadas de maneira a conjugar os esforços
sil, a primeira é de responsabilidade do Itamaraty, ao de ambas as trilhas, de maneira a permitir a discussão
passo que a segunda está sob responsabilidade do Mi- integrada de políticas públicas e de suas respectivas ne-
nistério da Fazenda e do Banco Central.
cessidades de nanciamento.
A trilha de sherpas, criada em 2008, é ampla e multidi- Além da vertente “governamental” − consubstanciado
mensional, cobrindo gama variada de políticas públicas, nas atividades das trilhas de sherpas de nanças −, o
e
e é constituída por 15 grupos de trabalho: Agricultura; “ecossistema 20” inclui tradicionalmente grupos de en-
Anticorrupção; Cultura; Economia Digital; Redução do gajamento, que envolvem setor privado, sociedade civil
Risco de Desastres; Desenvolvimento; Educação; Empre- e outras instâncias públicas. Treze foram os grupos de
go; Sustentabilidade Ambiental e Climática; Transições engajamento que se reuniram ao longo da presidência
Energéticas; Saúde; Comércio e Investimentos; Turismo; brasileira: Parlamentos (“Parliament”) (P20); Tribunais
Empoderamento de Mulheres; e Pesquisa e Inovação.
de Contas (“Supreme Audit Institutions”) (SAI20); Pre-
feituras (“Urban”) (U20); Academias (“ ink Tanks”)
“ O lema “Construindo um mundo (T20); Negócios/Empresas (“Business”) (B20); Ciên-
cias (“Science”) (S20); Sociedade Civil (“Civil”) (C20);
justo e um planeta sustentável” Trabalho (“Labour”) (L20); “Startups” (“Startup 20”);
Mulheres (“Women”) (W20); Juventude (“Youth”)
amalgamou as prioridades gerais (Y20); Cortes Supremas (“Justice”) (J20); e Oceanos
de nidas pelo Presidente Lula para a (“Oceans”) (O20). Esses grupos de engajamento não
presidência brasileira: inclusão social são organizados ou tutelados pelo governo brasileiro e
possuem plena autonomia organizacional. Houve, no
e combate à fome e à pobreza; entanto, preocupação constante do governo brasileiro
transições energéticas e em dialogar com os representantes dos grupos de enga-
desenvolvimento sustentável em suas jamento e de outros segmentos da sociedade civil, com
vistas a coordenar os esforços envolvidos nas mais dife-
dimensões econômica, social e rentes frentes de trabalho da presidência brasileira.
ambiental; e reforma da Tendo presente essa “estrutura” básica do G20 e os de-
governança global sa os associados à condução da presidência do agrupa-
”
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7 “Desa os e oportunidades do G20 e a Presidência Pro Tempore brasileira”. THORSTENSEN, V. e THOMAZELLA, T. Revista Tempo do Mundo, n.
34 (2024). Disponível em: https://www.ipea.gov.br/revistas/index.php/rtm/article/view/514/423. Acesso em: 28 de nov. 2024.
20 Nº 161 - Outubro, Novembro e Dezembro de 2024