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RBCE - A revista da
ou secretariado −, assumir a presidência do agrupamen-
to implica responsabilidades de liderança e coordenação
singulares. O país que a exerce assume as funções de se-
cretariado, de ne as prioridades, organiza e conduz os
trabalhos do grupo ao longo do ano.
Essa característica tem pelo menos três implicações im-
portantes:
(i) o G20 não substitui nem compete com foros e/ou
organizações internacionais especializadas. Sua
relevância está em congregar impulso político do
mais alto nível e direcioná-lo para fazer avançar os
principais temas da agenda internacional;
(ii) a força política do agrupamento está precisamente
na sua capacidade de produzir mensagens consen-
suais, por mais que a diversidade do grupo torne
o consenso um objetivo por vezes desa ador. A
opção por singularizar posições isoladas de um ou
mais membros a respeito de diferentes temas esva-
ziaria a in uência do G20; e
(iii) a percepção quanto à e ciência do grupo depende
nais, o G20 reunia, à época, apenas ministros de nanças de que o impulso político seja direcionado a temas
e presidentes de bancos centrais. Em 2008, diante de nova que contemplem resultados concretos (“entregá-
crise nanceira internacional, o agrupamento passou a ter veis”). In ar a agenda de discussões com assuntos
o formato atual, em que a reunião em nível de chefes de
estado e de governo constitui sua instância máxima.
bros do G20 passaram a responder por mais de 85% do “ O G20 não substitui nem compete
Com a entrada da União Africana, os vinte e um mem-
PIB mundial, 75% do comércio global, 70% dos investi- com foros e/ou organizações
mentos diretos estrangeiros e cerca de 65% da população internacionais especializadas.
do planeta. As reuniões de Cúpula do G20 constituem, Sua relevância está em congregar
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nos dias de hoje, seguramente um dos principais pal-
cos das relações internacionais, equiparável a qualquer impulso político do mais alto nível
conferência multilateral e mesmo à Assembleia Geral da e direcioná-lo para fazer avançar os
Organização das Nações Unidas. 6 principais temas da agenda
Muito em razão de seu baixíssimo grau de instituciona- internacional
lização − o G20 não dispõe de acordo constitutivo, sede ”
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5 África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália,
Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, mais União Europeia e União Africana.
6 Embora a reunião de Cúpula dos Líderes do G20 do Rio de Janeiro tenha englobado número limitado de países se comparada a reuniões multilaterais −
foram 54 líderes e representantes máximos de OIs convidados: os 19 países do G20, mais União Europeia e União Africana, 18 países adicionais (Angola,
Bolívia, Chile, Colômbia, Egito, Santa Sé, Malásia, Nigéria, Noruega, Paraguai, Portugal, Qatar, Singapura, Espanha, Tanzânia, Emirados Árabes Unidos,
Uruguai, Vietnã), e os diretores-gerais 15 organizações multilaterais: Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial do Comércio
(OMC), Organização Mundial da Saúde (OMS), Food and Agriculture Organization (FAO), Organização das Nações Unidas para Educação, Ciên-
cia e Cultura (UNESCO), Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Conferência das
Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), New Development Bank (NDB),
Corporación Andina de Fomento (CAF), Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Financial Stability Board (FSB) e Liga dos Estados Árabes −, a
participação presencial efetiva dos principais líderes mundiais na reunião do Cúpula do Rio de Janeiro é única.
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