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Relações Econômicas Brasil e China


          membros, mas também catalisar um desenvolvimento  Ao assumir a presidência do G20 em 2024, o Brasil está
          econômico alinhado às particularidades de cada nação,  em posição privilegiada para impulsionar a formulação e
          promovendo assim um progresso coletivo e sustentável.  a implementação de políticas comerciais alinhadas com
                                                              as visões do BRICS e do bloco expandido, o BRICS Plus.
          Por exemplo, a consolidação de uma relação institucio-  Essa liderança possibilita ao Brasil fomentar um ambiente
          nalizada no BRICS Plus abre caminhos para uma cola-  de negócios propício ao equilíbrio e à dinâmica comer-
          boração energética estratégica. A expertise do Irã em gás   cial, potencializando as relações já sólidas com a China e
          natural, aliada à produção da Arábia Saudita e dos Emi-  incentivando a expansão de novas parcerias. Isso promo-
          rados Árabes Unidos, conforme indicado no Gráfico 3,   verá uma colaboração econômica mais abrangente e ma-
          podem ser pilares para a segurança energética do bloco.   ximizará os benefícios recíprocos em comércio e investi-
          Uma estrutura cooperativa bem-definida pode maximi-  mento, utilizando a plataforma institucional do G20 para
          zar o aproveitamento desses recursos, contribuindo para   consolidar a influência do bloco no cenário econômico
          a autossuficiência energética e estabilidade econômica   global.
          da parceria expandida. 10

          A integração do Egito e da Etiópia ao BRICS Plus reforça o   CONSIDERAÇÕES FINAIS
          bloco com vantagens logísticas e potenciais de crescimen-
          to econômico. O Egito, alavancando sua posição estraté-
          gica e o controle do Canal de Suez, é vital para otimizar   As relações institucionais entre Brasil e China, funda-
          a logística e o comércio marítimo global. Por outro lado,   mentadas em estruturas como a Cosban, os Diálogos
          a Etiópia, uma das economias mais dinâmicas da África,   Estratégicos Globais (DEGs), e os Planos Estratégicos,
          apresenta possibilidades em setores como agricultura   exemplificam a cooperação bilateral avançada que vai
          e indústria têxtil.  A cooperação estruturada com essas   além de acordos comerciais. Tais estruturas são desenha-
                         11
          nações pode ampliar significativamente o acesso a mer-  das  para  endereçar  uma  ampla  gama  de  interesses  co-
          cados emergentes, dinamizar o comércio dentro do bloco   muns — desde questões comerciais e investimentos até
          e aumentar a capacidade do grupo de enfrentar desafios   colaborações em ciência e tecnologia. Por meio dessas
          econômicos globais com maior resiliência.           iniciativas, ambos os países consolidaram um diálogo es-
                                                              tratégico que permite uma resposta coordenada e eficaz
                                                              às volatilidades econômicas e políticas globais, garantin-
                                                              do a continuidade e a expansão dos fluxos comerciais.

                                                              No âmbito multilateral, a participação ativa no BRICS,
                                                              BRICS Plus, CEBRICS, NDB e G20 amplifica o alcance
                                                              e a influência de tais relações, projetando as sinergias bi-
                                                              laterais para uma esfera mais ampla que inclui novas eco-
         “       A integração do Brasil como líder            nomias emergentes. A integração do Brasil como líder do
                                                              G20 em 2024 reforça sua posição como mediador estraté-
                                                              gico, capaz de articular políticas que refletem os objetivos

                do G20 em 2024 reforça sua posição            do bloco, ao mesmo tempo que impulsiona a agenda de co-
                                                              mércio e o desenvolvimento sustentável. Assim, a colabo-
                 como mediador estratégico, capaz             ração institucional entre Brasil e China pode servir como
                de articular políticas que refletem os        um modelo de engajamento econômico que promoveria
                objetivos do bloco, ao mesmo tempo            não só a estabilidade, mas também um crescimento econô-
                                                              mico compartilhado entre os países do BRICS lus.
               que impulsiona a agenda de comércio
                  e o desenvolvimento sustentável

                                                        ”



                                        ............................................................................
          10  Puri-Mirza (2024) e Gilmore (2023).
          11  OECD; FAO (2023), Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (2023) e ZELEKE, M. et al. (2019).

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