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Relações Econômicas Brasil e China
Os Diálogos Estratégicos, por sua vez, permitem discus- (iv) confiança mútua: a consistência e a previsibi-
sões profundas e concretas sobre assuntos específicos e lidade promovidas por relações institucionalizadas
questões de interesse mútuo, incluindo comércio, investi- constroem confiança, o que é essencial para a ex-
mentos e políticas econômicas, facilitando a identificação pansão do comércio e a atração de investimentos;
de oportunidades e a mitigação de riscos. Com canais de
consulta abertos, os dois países podem compartilhar in- (v) desenvolvimento coordenado: os Planos Estra-
formações cruciais e coordenar posições sobre questões tégicos permitem o desenvolvimento coordenado
globais e regionais que possam afetar suas economias e o de setores de interesse mútuo, alavancando as com-
comércio bilateral. plementaridades econômicas dos dois países; e
Planos estratégicos detalhados, como o Plano Estraté- (vi) adaptação a novas oportunidades: institui-
gico 2022-2031 e o Plano Executivo 2022-2026, esta- ções flexíveis e adaptáveis facilitam a exploração
belecem objetivos claros e definem as prioridades para de novas oportunidades de comércio que surgem
a cooperação bilateral, incluindo metas de comércio e de inovações tecnológicas e mudanças nos padrões
investimento. Isso ajuda a alinhar as expectativas e estra- de consumo.
tégias de ambos os países.
Em suma, essas estruturas institucionais são benéficas para AS INSTITUIÇÕES MULTILATERAIS
manter os fluxos comerciais saudáveis por várias razões:
É importante notar ainda que essa relação institucio-
(i) continuidade e consistência: instituições só- nalizada entre Brasil e China transcende o âmbito bila-
lidas garantem que as políticas e os acordos co- teral, estendendo-se ao contexto multilateral por meio
merciais sobrevivam às mudanças políticas e aos de iniciativas como o BRICS e agora BRICS Plus, o
ciclos eleitorais, dando continuidade às práticas Conselho Empresarial do BRICS (CEBRICS), o Novo
comerciais estabelecidas; Banco de Desenvolvimento do BRICS (NDB) e o G20.
A arquitetura institucional fornecida por essas institui-
(ii) resolução de disputas: mecanismos formais ções amplifica a cooperação, a coordenação política e o
de diálogo e resolução de disputas permitem que desenvolvimento econômico entre os membros, ofere-
os países abordem e resolvam rapidamente as bar- cendo uma dimensão adicional de suporte institucional
reiras comerciais e os desentendimentos, minimi- para as relações bilaterais sino-brasileiras.
zando interrupções no comércio;
O BRICS serve como um fórum para os países emergen-
(iii) ajustes às mudanças globais: em um mundo tes articularem políticas econômicas e adotarem posturas
em constante mudança, as relações institucionali- unificadas em questões globais, o que pode resultar em
zadas permitem que o Brasil e a China ajustem suas um ambiente comercial mais favorável para seus mem-
políticas comerciais em resposta a novas condições bros. Por sua vez, o CEBRICS atua como uma ponte en-
econômicas ou regras de comércio internacional; tre os setores privados do Brasil e da China, incentivando
“ O CEBRICS atua como uma ponte o diálogo empresarial e promovendo o desenvolvimento
de negócios bilaterais e projetos de investimento, bem
entre os setores privados do Brasil como joint-ventures e outras iniciativas empresariais.
e da China, incentivando o diálogo O CEBRICS foi criado em 2013, sendo resultado do
empresarial e promovendo o processo de fortalecimento do fórum empresarial do
BRICS que vem acontecendo todos os anos, desde 2010.
desenvolvimento de negócios A partir desses encontros, relatórios anuais descrevem e
bilaterais e projetos de investimento, sinalizam os problemas encontrados e as soluções são
bem como joint-ventures e outras recomendadas às esferas governamentais do BRICS, em
forma de recomendações a serem implementadas. Entre
iniciativas empresariais os seus membros, empresas brasileiras, chinesas, india-
” nas, russas e sul-africanas. 9
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9 Stuenkel (2017).
32 Nº 158 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2024