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Relações Econômicas Brasil e China
(iii) o fomento da cooperação em arenas internacionais, DEG foi constituído em 2012, ano em que os quatro
com especial atenção à sinergia nas negociações; e pilares da Parceria Estratégica foram renovados, pas-
sando agora a ser denominada Parceria Estratégica Glo-
(iv) a intensificação do intercâmbio cultural e social. bal, ocasião em que também se firmou no âmbito dessa
Parceria o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021),
bem como diversos outros mecanismos de consulta, es-
Em 2006, a reunião inaugural da Cosban foi realizada senciais para o aprimoramento das relações comerciais
em Pequim, onde se avaliou o comércio bilateral do ano e diplomáticas. 7
anterior. Com um salto para 12,1 bilhões de dólares,
o comércio sino-brasileiro viu – em 2005 – um incre-
mento de 33,19% comparado a 2004, com o Brasil ex- O PLANO DECENAL DE COOPERAÇÃO
portando 6,83 bilhões e, importando, 5,35 bilhões de (2012-2021) E O PLANO ESTRATÉGICO
dólares da China. A agenda da Cosban transcendeu a (2022-2031)
análise de dados, abordando estratégias para elevar as
exportações de minério de ferro e soja e diversificar a
pauta com produtos de maior valor agregado, como Um importante componente institucional das relações
aviões e equipamentos industriais, incentivando tam- comerciais entre Brasil e China, os acordos diplomáti-
bém o estabelecimento de mais joint-ventures entre cos, evidenciados pelo Plano Decenal de Cooperação
companhias dos dois países. (2012-2021) e o subsequente Plano Estratégico (2022-
2031), têm sido fundamentais para a expansão do co-
Em uma análise sobre o contínuo fortalecimento das mércio bilateral. Esses acordos refletem um compromis-
relações entre Brasil e China, o embaixador José Alfre- so mútuo de longo prazo com a cooperação econômi-
do Graça Lima sublinhou que os sucessivos recordes ca, que é crucial para estabelecer políticas comerciais
de exportações brasileiras para a China refletiam não estáveis, reduzir barreiras tarifárias e facilitar acordos
apenas o empenho mútuo, mas também uma estrutura de comércio. Esse entendimento diplomático favorece
institucional “azeitada” entre as duas nações. Ele des- a criação de um ambiente propício ao investimento e
tacou essa dinâmica colaborativa particularmente du- ao intercâmbio comercial, permitindo aos dois países
rante a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping desenvolver e aprofundar suas relações comerciais em
em 2014, o que evidenciou a importância da Cosban setores estratégicos, como infraestrutura, tecnologia e
como plataforma de diálogo para altos representantes agricultura, independentemente das flutuações políticas
brasileiros e chineses. internas ou tensões externas.
O embaixador Graça Lima realçou também o papel Relações diplomáticas tensas afetam negativamente o
vital do primeiro Diálogo Estratégico Global (DEG) comércio internacional. Disputas ou conflitos podem
em 2014 como uma plataforma de diálogo e acompa- resultar em sanções comerciais ou embargos, restrin-
nhamento da agenda bilateral entre Brasil e China. O gindo o comércio e causando aumentos de preços, es-
cassez de mercadorias e retração econômica. As tensões
“ A diversificação da pauta exportadora diplomáticas, como as vivenciadas entre Estados Unidos
e China, podem desencadear guerras comerciais, com a
brasileira, além de manter os êxitos imposição recíproca de altas tarifas que perturbam ca-
deias de suprimentos globais e afetam a estabilidade
do agronegócio, deve se alinhar com econômica mundial.
novas estratégias, incluindo aí a Sob essa perspectiva, o Plano Decenal entre Brasil e
diversificação monetária por meio China estabeleceu metas ambiciosas de cooperação fi-
do uso do renminbi, conforme nanceira e comercial, destacando-se o apoio mútuo ao
mencionado no Plano Decenal desenvolvimento das relações entre a B3 (antiga BM&F
Bovespa) e as contrapartes chinesas. Ressaltou-se tam-
”
bém no referido Plano a iniciativa de estudos para o uso
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7 Graça Lima (2016) e Ministério das Relações Exteriores (2024).
30 Nº 158 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2024