Page 36 - RBCE 158
P. 36

Relações Econômicas Brasil e China


          (iii) o fomento da cooperação em arenas internacionais,  DEG foi constituído em 2012, ano em que os quatro
            com especial atenção à sinergia nas negociações; e   pilares da Parceria Estratégica foram renovados, pas-
                                                              sando agora a ser denominada Parceria Estratégica Glo-
          (iv) a intensificação do intercâmbio cultural e social.  bal, ocasião em que também se firmou no âmbito dessa
                                                              Parceria o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021),
                                                              bem como diversos outros mecanismos de consulta, es-
          Em 2006, a reunião inaugural da Cosban foi realizada   senciais para o aprimoramento das relações comerciais
          em Pequim, onde se avaliou o comércio bilateral do ano   e diplomáticas. 7
          anterior. Com um salto para 12,1 bilhões de dólares,
          o comércio sino-brasileiro viu – em 2005 – um incre-
          mento de 33,19% comparado a 2004, com o Brasil ex-  O PLANO DECENAL DE COOPERAÇÃO
          portando 6,83 bilhões e, importando, 5,35 bilhões de   (2012-2021) E O PLANO ESTRATÉGICO
          dólares da China. A agenda da Cosban transcendeu a   (2022-2031)
          análise de dados, abordando estratégias para elevar as
          exportações de minério de ferro e soja e diversificar a
          pauta com produtos de maior valor agregado, como    Um importante componente institucional das relações
          aviões e equipamentos industriais, incentivando tam-  comerciais entre Brasil e China, os acordos diplomáti-
          bém o estabelecimento de mais  joint-ventures entre   cos, evidenciados pelo Plano Decenal de Cooperação
          companhias dos dois países.                         (2012-2021) e o subsequente Plano Estratégico (2022-
                                                              2031), têm sido fundamentais para a expansão do co-
          Em uma análise sobre o contínuo fortalecimento das  mércio bilateral. Esses acordos refletem um compromis-
          relações entre Brasil e China, o embaixador José Alfre-  so mútuo de longo prazo com a cooperação econômi-
          do Graça Lima sublinhou que os sucessivos recordes  ca, que é crucial para estabelecer políticas comerciais
          de exportações brasileiras para a China refletiam não  estáveis, reduzir barreiras tarifárias e facilitar acordos
          apenas o empenho mútuo, mas também uma estrutura  de comércio. Esse entendimento diplomático favorece
          institucional “azeitada” entre as duas nações. Ele des-  a criação de um ambiente propício ao investimento e
          tacou essa dinâmica colaborativa particularmente du-  ao intercâmbio comercial, permitindo aos dois países
          rante a visita de Estado do presidente chinês Xi Jinping   desenvolver e aprofundar suas relações comerciais em
          em 2014, o que evidenciou a importância da Cosban   setores estratégicos, como infraestrutura, tecnologia e
          como plataforma de diálogo para altos representantes   agricultura, independentemente das flutuações políticas
          brasileiros e chineses.                             internas ou tensões externas.

          O embaixador Graça Lima realçou também o papel      Relações diplomáticas tensas afetam negativamente o
          vital do primeiro Diálogo Estratégico Global (DEG)   comércio internacional. Disputas ou conflitos podem
          em 2014 como uma plataforma de diálogo e acompa-    resultar em sanções comerciais ou embargos, restrin-
          nhamento da agenda bilateral entre Brasil e China. O   gindo o comércio e causando aumentos de preços, es-
                                                              cassez de mercadorias e retração econômica. As tensões
         “     A diversificação da pauta exportadora          diplomáticas, como as vivenciadas entre Estados Unidos
                                                              e China, podem desencadear guerras comerciais, com a

                 brasileira, além de manter os êxitos         imposição recíproca de altas tarifas que perturbam ca-
                                                              deias  de  suprimentos  globais  e  afetam  a  estabilidade
                do agronegócio, deve se alinhar com           econômica mundial.
                  novas estratégias, incluindo aí a           Sob essa perspectiva, o Plano Decenal entre Brasil e
                 diversificação monetária por meio            China estabeleceu metas ambiciosas de cooperação fi-
                   do uso do renminbi, conforme               nanceira e comercial, destacando-se o apoio mútuo ao
                   mencionado no Plano Decenal                desenvolvimento das relações entre a B3 (antiga BM&F
                                                              Bovespa) e as contrapartes chinesas. Ressaltou-se tam-
                                                        ”
                                                              bém no referido Plano a iniciativa de estudos para o uso
                                        ............................................................................
          7  Graça Lima (2016) e Ministério das Relações Exteriores (2024).

         30                                                                   Nº  158 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2024
   31   32   33   34   35   36   37   38   39   40   41