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Desa os da Política Comercial







             As controvérsias da integração regional


















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              Mauro Laviola




          Integração é o ato de tornar algo inteiro, completar, inteirar. É usado mais no sentido metafórico de juntar partes
          para formar um todo coeso, isto é: integrado.  

          Será que esse conceito cabe ser aplicado à região latino-americana? Há pelo menos meio século ouvimos falar nesse
          movimento na região, porém sempre acompanhado de críticas e descréditos.

          Tal movimento nasceu por inspiração da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), mentora, nos idos
          anos 1950, do conceito de criar mecanismos indutores de propiciar maior integração nas economias dos países da
          região. Foi a principal responsável pela criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc) em
          1960.  Integrada por 11 países-membros, todos sul-americanos (exceto as guianas) e mais o México.

          O novo organismo criou uma lista comum de desgravações tarifárias visando alavancar maiores  uxos comerciais

          entre os países integrantes e provocar crescente aproximação empresarial. Não obstante, o novo organismo mos-
          trou-se desigual em sua essência, pobre em avanços comerciais e pródigo em desavenças operacionais decorrentes
          das desigualdades territoriais, econômicas e comerciais entre os países-membros. A vigência da Alalc perdurou por
          longos vinte anos e seu insucesso comercial e integracionista acabou provocando o início de divergências conceitu-
          ais na condução política e econômica dos países participantes.

          Em 1980, no auge da crise da Alalc e mediante sugestão do México, os países-membros resolveram examinar as dis-
          crepâncias e os entraves existentes no processo anterior e reestruturá-lo em bases mais realistas, levando em conta as
          diferenças acima apontadas. No encontro, realizado em Acapulco, os países aprovaram um novo e radical conceito
          de relacionamento comercial para avançar na integração regional, com a criação da Associação Latino-Americana
          de Integração (Aladi).

          Esse novo organismo inovou o conceito de aproximação comercial baseado em acordos bilaterais, pelo que os países
          puderam avaliar melhor seus respectivos interesses, levando em consideração as diferenças  apontadas.

          A partir de 1981, com a assinatura do Tratado de Montevidéu, em agosto de 1980, vários acordos bilaterais abran-
          gentes entre as respectivas pautas tarifárias passaram a ser negociados.  Os países mais industrializados do bloco –
          Argentina, Brasil e México –, além de esporádicas participações do Chile, da Colômbia e da Venezuela, empreende-

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