Page 28 - RBCE 156
P. 28
Desa os da Política Comercial
As controvérsias da integração regional
Mauro Laviola é economista
Mauro Laviola
Integração é o ato de tornar algo inteiro, completar, inteirar. É usado mais no sentido metafórico de juntar partes
para formar um todo coeso, isto é: integrado.
Será que esse conceito cabe ser aplicado à região latino-americana? Há pelo menos meio século ouvimos falar nesse
movimento na região, porém sempre acompanhado de críticas e descréditos.
Tal movimento nasceu por inspiração da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), mentora, nos idos
anos 1950, do conceito de criar mecanismos indutores de propiciar maior integração nas economias dos países da
região. Foi a principal responsável pela criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc) em
1960. Integrada por 11 países-membros, todos sul-americanos (exceto as guianas) e mais o México.
O novo organismo criou uma lista comum de desgravações tarifárias visando alavancar maiores uxos comerciais
entre os países integrantes e provocar crescente aproximação empresarial. Não obstante, o novo organismo mos-
trou-se desigual em sua essência, pobre em avanços comerciais e pródigo em desavenças operacionais decorrentes
das desigualdades territoriais, econômicas e comerciais entre os países-membros. A vigência da Alalc perdurou por
longos vinte anos e seu insucesso comercial e integracionista acabou provocando o início de divergências conceitu-
ais na condução política e econômica dos países participantes.
Em 1980, no auge da crise da Alalc e mediante sugestão do México, os países-membros resolveram examinar as dis-
crepâncias e os entraves existentes no processo anterior e reestruturá-lo em bases mais realistas, levando em conta as
diferenças acima apontadas. No encontro, realizado em Acapulco, os países aprovaram um novo e radical conceito
de relacionamento comercial para avançar na integração regional, com a criação da Associação Latino-Americana
de Integração (Aladi).
Esse novo organismo inovou o conceito de aproximação comercial baseado em acordos bilaterais, pelo que os países
puderam avaliar melhor seus respectivos interesses, levando em consideração as diferenças apontadas.
A partir de 1981, com a assinatura do Tratado de Montevidéu, em agosto de 1980, vários acordos bilaterais abran-
gentes entre as respectivas pautas tarifárias passaram a ser negociados. Os países mais industrializados do bloco –
Argentina, Brasil e México –, além de esporádicas participações do Chile, da Colômbia e da Venezuela, empreende-
24 Nº 156 - Julho, Agosto e Setembro de 2023