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RBCE - A revista da
                        Desa os a Enfrentar






           O Brasil e o G-20










                                                              Paulo Manoel Lenz Cesar Protásio é conselheiro da Funcex e dire-
                                                              tor executivo da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável do
                                                              Estado do Rio de Janeiro.
             Paulo Protásio

          A Índia iniciou a presidência do G-20 com o ser humano no centro. A ideia é de que o mundo tem capacidade de produzir o
          su ciente para atender às necessidades básicas de toda a população. E o Brasil tem tudo para colocar o continente sul-ameri-
          cano também no centro do mundo.  Não só pela sua gente, mas pelo espírito que nos integra como uma nova representação
          geográ ca, uma referência envolvendo os dois oceanos que nos cercam, o Pací co e o Atlântico, como um único oceano.
          O momento não poderia ser mais rico, ao somar a Índia, o Brasil e a África do Sul em um triunvirato no papel de an -
          triões. O tempo é rico e perfeito em sua visão igualmente poderosa por ser uma relação sul-sul-norte.
          As 17 presidências anteriores do G-20 mostram resultados importantes e garantiram a estabilidade macroeconômica
          global avançando de forma constante todos os anos. Além de aliviar a carga da dívida dos países, entre muitos outros
          resultados, as ações do G-20 foram bem-sucedidas ao racionalizar a tributação internacional.

          Agora na Índia, o primeiro-ministro Narendra Modi pergunta ao assumir o importante manto de an trião: “o G-20
          pode ir ainda mais longe? Será que podemos catalisar uma mudança de mentalidade fundamental para bene ciar a
          humanidade como um todo?” Ele acredita que sim, podemos. O Brasil tem tudo para fazer coro com esse propósito
          local-global desde agora até o momento quando for sua a presidência.

          Nossas mentalidades são moldadas pelas circunstâncias. Ao longo de toda a história, a humanidade viveu na escassez.
          Porque nossa sobrevivência dependia de negarmos uns aos outros. O confronto e a competição – entre ideias, ideolo-
          gias e identidades – tornaram-se a norma.
          Alguns podem argumentar que o confronto e a ganância são da natureza humana. Narendra Modi discorda. Hoje os
          maiores desa os que enfrentamos – mudança climática, segurança e pandemias – podem ser resolvidos se agirmos em
          conjunto. Felizmente, a tecnologia de hoje também nos dá meios para enfrentar problemas em escala humana. Os enor-
          mes mundos virtuais que habitamos demonstram a escalabilidade das tecnologias digitais.

          A presidência do G-20 da Índia trabalha para promover esse sentido universal de unicidade. Daí o tema “Uma Terra,
          Uma Família, Um Futuro”. Esse não é apenas um slogan. Ele leva em conta mudanças recentes, as quais nem sempre
          apreciamos coletivamente. Até sanções foram abolidas da pauta.
          O G-20 na Índia está diante de um berço onde a globalização está sendo de fato uma constatação. No Brasil, o programa
          do estado do Rio de Janeiro da Autoridade do Desenvolvimento Sustentável, nominado como Rio2030, nasceu com essa
          característica de local-global. Recente pacto entre os sete governadores do Sul e Sudeste con rmou esse novo sentimento.
          Ampliou sua dimensão e ganhou reconhecimento ao ter o Rio de Janeiro como sede do G-20 no Brasil.
          O modelo de governança centrado no cidadão nutre o gênio criativo de nossa talentosa juventude. No momento, nos
          preparativos do G-20 para 2024, podemos fazer do desenvolvimento nacional não um exercício de governança de cima
          para baixo, mas sim um “movimento popular” liderado pelo cidadão.

          Aproveitamos a tecnologia para criar bens públicos digitais que sejam abertos, inclusivos e interoperáveis. Estes têm propor-
          cionado progressos revolucionários em campos tão variados como a proteção social, a inclusão  nanceira e os pagamentos
          eletrônicos. Por todas essas razões, as experiências da Índia podem fornecer insights para possíveis soluções locais e globais.
          Durante a presidência do G-20 do Brasil, particularmente para o mundo em desenvolvimento, será possível de nir
          prioridades moldadas com os parceiros do Norte, destacando os companheiros de viagem no Sul Global, dentro da
          nova visão geopolítica. Chegou a hora de o Brasil estar no centro do mapa.


          Nº  155 - Abril, Maio e Junho de 2023                                                              49
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