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Práticas de Comex











              A arte da negociação com chineses





















              Henry Uliano
                uaresma

          Nunca foi tão importante conhecer as estratégias de negociação com os chineses, como agora. As relações entre
          Brasil e China, envolvendo investimentos, importação-exportação e M&A, nos obrigam a entender e praticar as
          táticas de negociação, envolvendo as duas culturas.

          A terceira edição do livro O fator China e os no os negócios, de nossa autoria, lançada recentemente, pela editora
          Aduaneiras, proporciona uma verdadeira imersão no assunto, inclusive sobre a reativação econômica no pós-pan-
          demia do coronavírus.

          Desse modo, vamos atualizar esse importante tema, objetivando auxiliar um melhor entendimento.
          Além de estudar a cultura, os hábitos e métodos de negociação e a tomada de decisão dos chineses, antes de come-
          çar qualquer negociação deve ser criada e cultivada uma relação pessoal de con ança mútua, o que pode levar um
          tempo mais longo que o habitual para a maioria dos ocidentais. Se tais cuidados forem tomados e os negociadores
          estiverem bem preparados para estabelecer boas relações, sabendo como funciona a mente do negociador chinês,
          estabelece-se uma ligação quase fraternal que trará bons resultados por um longo tempo. Iniciar uma relação co-
          mercial passa resumidamente por quatro etapas antes e durante a negociação de fato: visitas de reconhecimento,
          participação em eventos, visitas empresariais e visitas de negociação.

          Nas visitas de reconhecimento, a comunicação pode parecer difícil, mas é interessante buscar contato direto com os
          chineses em hotéis, pontos turísticos, na rua e, se possível, no meio empresarial e governamental, como embaixadas
          e câmaras de comércio, pois podem ser bons pontos de partida para o estabelecimento de conexões (guanxi) com
          empresas e governo.  uanto à participação em eventos, vale dizer que quase todas as cidades chinesas possuem fei-
          ras dos mais diversos tipos, das quais é interessante participar mesmo como espectador, pois são os melhores lugares
          para se entender a cultura de negócios e o processo de negociação chinês. Depois, podem ser agendadas visitas a tra-
          ders, que podem ser identi cados por meio de aproximação comercial ou contatos realizados com órgãos nacionais
          ou regionais do governo, além de possíveis parceiros chineses no negócio.

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          Henry Uliano  uaresma é CEO do Brasil Business Partners, conselheiro de administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e ex-di-
          retor de relações industriais e institucionais da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).

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