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Câmbio
Usar RMB nas transações de exportações e
importações brasileiras
Hsia Hua Sheng
é vice-presidente do Banco da China Brasil S.A. e professor
associado de finanças internacionais da FGV – EAESP
Hsia Hua Sheng
INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior parceiro comercial da China na América Latina, onde o volume de comércio bilateral excedeu
USD 100 bilhões em quatro anos seguidos. Nos últimos anos, a moeda chinesa renminbi RMB (yuan chinês) tem
sido usada com mais frequência e maior volume como uma alternativa por vários países que têm uma atividade co-
mercial intensa com a China. Como a China é o maior parceiro comercial do Brasil por 13 anos consecutivos, essa
questão também tem ganhado fórum de discussão no Brasil.
A reforma da política cambial na China na última década contribuiu recentemente para uma acelerada interna-
cionalização da moeda chinesa RMB nos mercados globais. De acordo com Diniz-Maganini, Rasheed e Sheng
(2023) , sua eficiência de mercado e transparência de determinação de preço têm melhorado significativamente
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desde a reforma de política cambial em agosto de 2015, quando a taxa de referência diária – dentro da qual a cotação
do yuan só pode subir ou baixar no máximo 2% por dia – é calculada pelo valor de fechamento da jornada anterior,
com base na oferta e na demanda do mercado e no movimento de preços de outras divisas internacionais.
Em 2022, a internacionalização do RMB ganhou um reconhecimento importante do Fundo Monetário Interna-
cional (FMI) que aumentou a ponderação da moeda chinesa RMB ou yuan na cesta de moedas dos Direitos Espe-
ciais de Saque (SDR, sigla em inglês) após a conclusão de uma revisão quinquenal. O FMI sinalizou ter aprovado
o progresso socioeconômico da China nos últimos anos e reconhecido a determinação e os esforços da China na
regulamentação financeira, na reforma da lei e na abertura do mercado para investidores internacionais.
A relevância do RMB também se reflete no aumento significativo de participação nas reservas dos países. No caso
do Brasil, diante do aumento de pressão inflacionária nos principais países desenvolvidos, o Banco Central do Brasil
(BCB) reduziu sua alocação de dólar norte-americano e euro nas reservas internacionais, e aumentou a participação
de yuan para 4,99% em 2021, maior patamar desde quando a moeda chinesa passou a compor a cesta, em 2019. Um
ano antes, apenas 1,21% era alocado para yuan.
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1 DINIZ-MAGANINI, Natalia; RASHEED, Abdul. A.; SHENG, Hsia Hua. Price efficiency of the foreign exchange rates of BRICS countries: a compara-
tive analysis. Latin American Journal of Central Banking. Vol. 4, Issue 1. 2023.
40 Nº 154 - Janeiro, Fevereiro e Março de 2023