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Mercosul






                  Caminhos para fomentar a agenda


                  econômica e comercial no Mercosul













                                                                         Fabrizio Sardelli Panzini
                                                                é Especialista em Negociações Internacionais da
                                                                     Confederação Nacional da Indústria
                     Fabrizio Sardelli   Carolina Telles
                       Panzini        Matos                               Carolina Telles Matos
                                                           é Analista em Negociações Internacionais da Confederação
                                                                           Nacional da Indústria
                Em abril de 2017 os governos de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, os quatro países fundadores do Mercado Co-
                mum do Sul (Mercosul), assinaram o Protocolo de Cooperação e Facilitação de Investimentos (PCFI). O acordo, que
                disciplina e estimula luxos de investimentos dentro do bloco, pode ser a entrega símbolo de um início da retomada da
                agenda econômica entre os países do Mercosul e ser o passo inicial para eliminar obstáculos acumulados para o melhor
                funcionamento da União Aduaneira.

                Até 2016, os temas econômicos encontravam-se em estado quase de paralisia. O bloco vivia uma situação de grande
                imprevisibilidade para o setor empresarial, de proliferação de barreiras não tarifárias ao comércio (BNTs), estagnação
                da agenda de negociações de acordos comerciais com terceiros países e baixíssima capacidade de aprovar e implementar
                normas que contribuíssem para a efetividade da integração.

                Como pano de fundo, as decisões e resoluções normativas do bloco na parte política passaram a ter primazia em rela-
                ção aos temas econômicos. Este cenário foi ainda mais agravado pelos indicadores econômicos negativos das maiores
                economias do Mercosul nos anos mais recentes.

                Apesar dos desaios que a integração do Mercosul ainda enfrenta, o momento é de olhar para frente e buscar extrair
                os maiores ganhos possíveis de uma conjuntura de maior alinhamento econômico e político dos principais sócios do
                bloco, sobretudo porque o segundo semestre de 2017 terá o Brasil na Presidência Pro Tempore do bloco.

                Com o objetivo de traçar uma análise recente da qualidade da integração do bloco e apontar caminhos para uma agen-
                da mais intensiva na parte econômica, este artigo está dividido em duas grandes partes. A primeira apresenta um diag-
                nóstico do estágio atual da qualidade da integração do Mercosul e a segunda uma proposta de agenda para favorecer os
                negócios dentro no bloco, ambas em quatro áreas: macroeconomia, integração intrabloco, política comercial frente a
                terceiros países e institucionalidade do Mercosul.


                DIAGNÓSTICO DA INTEGRAÇÃO



                Macroeconomia e comércio
                As variáveis macroeconômicas dos principais sócios do Mercosul formam um tema de primeira ordem a ser endereça-
                do e, não à toa, a agenda de ajustes tem tomado a atenção das equipes econômicas de Brasil e Argentina. A Argentina

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