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RBCE - A revista da




                • Aderir a tratados internacionais como Convenção de Istambul  • Dar celeridade à aprovação de pleitos do setor privado na
                (para adoção do documento aduaneiro ATA Carnet, já vigente  Comissão de Comércio do Mercosul (CMC), tais como re-
                no Brasil) e o Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes  duções tarifárias por desabastecimento. Essas reduções trazem
                (para simplificar e acelerar processos de concessão de patentes).  diminuição de custos para as empresas, mas a demora tem pre-
                                                                    judicado o planejamento das mesmas.
                • Incluir o setor sucroalcooleiro no livre comércio intra-
                Mercosul, a partir de um cronograma negociado e que  • Reduzir o tempo, e aumentar a internalização das normas
                respeite as sensibilidades no bloco.                no Mercosul, assim como buscar vigência imediata de algu-
                                                                    mas normas. Estima-se que, atualmente, 50% das normas
                • Modernizar as regras de origem (ROs), aproximando-as
                de requisitos especíicos para se adequar à nova realidade   aprovadas pelo bloco não são internalizadas.
                produtiva do bloco e permitir maior aproveitamento das  • Fortalecer a Secretaria do Mercosul para reforçar os traba-
                preferências tarifárias.                            lhos conjuntos e solucionar problemáticas comuns. Os tra-
                                                                    balhos podem iniciar em temas que não são de sensibilidade
                • Estabelecer cronograma para adoção do Certiicado de
                Origem Digital (COD), que reduz tempo para emissão e   para soberania dos países, como questões de regras de origem e
                traz ganhos de segurança nas operações comerciais.  alterações temporárias e deinitivas na TEC.
                • Internalizar normativas do bloco, como o 96º Protocolo Adi-
                cional e a que atualiza a Nomenclatura Comum do Mercosul. A  CONSIDERAÇÕES FINAIS
                não internalização causa incertezas no bloco e custos desnecessá-
                rios, sobretudo a empresas exportadoras de menor porte.  Apesar do sucesso inicial do Mercosul com a desgravação
                                                                    tarifária e maior atração de investimentos, a agenda eco-
                Política Comercial frente a terceiros               nômica do bloco apresentou paralisia nos anos recentes,
                mercados e agenda de negociações                    bem como aumento de imprevisibilidade e proliferação
                                                                    de BNTs ao comércio. Isso, somado à primazia dos temas
                                                                    políticos em relação aos econômicos, resultou na perda de
                • Priorizar a celebração de acordos de livre-comércio com   importância do bloco para o comércio de seus membros.
                União Europeia, Canadá, EFTA e Sistema de Integração
                Centro-Americana (Sica).                            A conjuntura de maior alinhamento permite continuar
                                                                    colocando em prática uma agenda econômica que, para
                • Ampliar o número de produtos sujeitos a preferências
                tarifárias nos acordos comerciais com Índia e SACU.  ter êxito, precisa ser abrangente tanto em maior conver-
                                                                    gência macroeconômica quanto na integração interna e
                • Negociar convergência entre o Mercosul e a Aliança do   externa do bloco. Na agenda interna de integração, a re-
                Pacíico, sobretudo nos temas de regras de origem e faci-  cente assinatura do PCFI é uma grande notícia e permite
                litação de comércio.                                ao bloco buscar novos objetivos para a próxima Presidên-

                • Dar início às discussões dentro do Mercosul sobre a   cia Pro Tempore, como a celebração de um novo Protoco-
                abertura de um diálogo exploratório para a celebração de   lo de Compras Públicas.
                um acordo de livre-comércio entre o bloco e os Estados   Na frente externa, a agenda de acordos comerciais deve estar
                Unidos, destino principal de exportações de bens de alta   no centro da política comercial do Mercosul, para consti-
                intensidade tecnológica no caso do Brasil.
                                                                    tuição de um bloco mais aberto, exportador e competitivo.
                •  Criar  um  subgrupo  técnico  no  âmbito  do  Mercosul  Neste sentido, a conclusão das negociações de um acordo
                para discutir a readequação da TEC, bem como para uma   equilibrado entre Mercosul e União Europeia é tema priori-
                análise detalhada da estrutura tarifária que hoje não é  tário, seguida pela EFTA, a convergência com a Aliança do
                cumprida, e que afeta a competitividade e atratividade do  Pacíico e o lançamento das negociações com o Canadá.
                bloco para investimentos produtivos.
                                                                    É necessário que os governos do Mercosul mantenham a
                Institucionalidade do Mercosul                      prioridade na área econômica, inclusive com a construção
                                                                    de uma estratégia clara com cronogramas para alcançar
                • Constituir um fundo para inanciar projetos produtivos   alguns objetivos. O bloco tem ainda grande relevância
                intrabloco, que permita o aporte de recursos do setor pri-  para muitos setores empresariais brasileiros – nas expor-
                vado, bem como a associação com bancos e instituições  tações e nos investimentos – e um incremento nas ativi-
                de fomento internacionais para redução do risco e para  dades do Mercosul é passo importante para o crescimento
                tornar competitivo o custo do capital.              da economia brasileira.

                Nº  131 -  Abril/Maio/Junho de 2017                                                              55
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