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RBCE - A revista da
Se por um lado a composição do comércio de bens entre os
países do Mercosul continua sendo considerado um aspec-
to positivo – o bloco representa 69% das exportações de
produtos industriais do Paraguai, 52% do Uruguai, 45% da
Argentina e 20% do Brasil – por outro, o comércio intra-
bloco tem perdido importância para os membros.
A participação das exportações intrazona, que já che-
garam a representar 16,2% em 2010, caíram para ape-
nas 13,7% em 2016. A participação das importações
intrazona, por sua vez, eram de 18,9% em 2006 e fe-
charam 2016 em 15,1%.
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GRÁFICO 2
PARTICIPAÇÃO DAS IMPORTAÇÕES
INTRAZONA (%)
exibe ainda taxas de inlação elevadas (projeção de 21% 20,0 18,9 18,5
em 2017 ) e, tanto o Brasil quanto a Argentina convivem 18,0 17,1 17,6 16,7 16,1
1
com déicits iscais altos, respectivamente 9,5% e 7,4% em 16,0 14,8 14,2 13,0 13,4 15,1
14,0
relação ao produto interno bruto (PIB) em 2016 (resulta- 12,0
do primário do PIB). 10,0
8,0
A boa gestão macroeconômica é tema de grande in- 6,0
teresse do bloco, na medida em que conduz ao cres- 4,0
cimento mais sustentado e cria melhores expectativas 2,0
0,0
para o investimento empresarial, e também por evitar 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
perdas de divisas, que gera, por parte de alguns países Fonte: Comtrade.
do bloco, a introdução de BNTs às importações.
Livre circulação e integração intrabloco
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Concebido para ser uma União Aduaneira que incluísse a
GRÁFICO 1 livre circulação de bens e serviços, estabelecesse uma tarifa
PARTICIPAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES comum e harmonizasse legislações, o Mercosul alcançou
INTRAZONA (%) êxito apenas em seu impulso inicial, de eliminação tarifá-
ria do comércio intrazona. Mesmo assim, alguns setores
16,5 16,2
16,1 icaram de fora, como o automotivo, com restrições quan-
15,8
16,0 15,7 15,7 titativas, e o sucroalcooleiro, com preferências tarifárias.
15,5 15,1
15,0
15,0 14,8
Os avanços no Mercosul foram mais modestos em relação
14,5
14,1 à eliminação de BNTs. Ao comércio do bloco são impostas
14,0 13,7 13,7
principalmente barreiras técnicas, sanitárias e itossanitárias,
13,5
bem como demoras injustiicadas em processos de liberação
13,0
de licenças não automáticas de importação. Estima-se que
12,5
BNTs impostas pelo Brasil atingem 12,6% das importações
12,0
intrabloco e pela Argentina ao redor de 28%, quando incluí-
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Fonte: Commodity Trade Statistics Database (Comtrade). das as licenças, hoje vigentes para 1.629 linhas tarifárias.
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1 Banco Central da Argentina.
2 Dados da consultoria Abeceb (sigla em espanhol).
Nº 131 - Abril/Maio/Junho de 2017 51