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RBCE - A revista da
Taxas de juros elevadas, acima da capacidade de cres- Nos últimos anos, todos esses fatores contribuíram ne-
cimento da economia, requerem superávits primários gativamente para a trajetória do endividamento públi-
igualmente substanciais para contrapor a necessida- co. Até 2013, observou-se uma elevada contribuição do
de de inanciamento da economia. No cenário atual, a crescimento do PIB para a redução da relação dívida/
combinação de custo elevado de inanciamento da dívi- PIB. A partir de 2014, a necessidade de inanciamento
da pública com recessão econômica, além de causar um público com juros da dívida, além do déicit primário ne-
aumento da necessidade de inanciamento com juros da gativo, superou o crescimento do PIB. Apenas no biênio
dívida, também afeta a capacidade de gerar superávits de 2014-2015 houve um aumento de 14,8 p.p. da relação
primários para reduzir o déicit iscal e, por consequên- Dívida Bruta/PIB, e no acumulado no ano de 2016 até
cia, o aumento da dívida pública. setembro houve um aumento adicional de 4,2 p.p.
Com a expectativa de resultados negativos nos pró-
DINÂMICA DE CRESCIMENTO ximos anos, taxas de juros reais (em relação ao Índice
DA DÍVIDA PÚBLICA: Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA)
ainda elevadas e recuperação lenta do PIB, como prevê o
CONDICIONANTES E CENÁRIOS próprio Ministério da Fazenda, o cenário é ainda de ele-
vada expansão para do endividamento do setor público
Uma boa medida do endividamento do Estado é através e a dívida pública deve superar 90% do PIB em 2020.
do indicador de relação entre dívida e PIB. A dinâmica Com a diiculdade de colocar em prática um ajuste iscal
de crescimento do endividamento público medida pela mais substancial, apenas a redução da taxa de juros e a
relação Dívida Bruta/PIB é dada pela evolução da sua ne- recuperação do crescimento econômico maiores do que
cessidade de inanciamento em relação ao PIB e o cresci- o esperado, podem trazer um resultado menos desfavo-
mento do PIB. Já a necessidade de inanciamento do setor rável para a trajetória de endividamento.
público é deinida pelas receitas e despesas primárias (o
resultado primário) e o serviço da dívida com juros.
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TABELA 3
DÍVIDA BRUTA DO GOVERNO GERAL (DBGG) – FATORES CONDICIONANTES (% DO PIB)
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016*
Dívida bruta do governo geral 56,7 56,0 59,2 51,8 51,3 53,8 51,7 57,2 66,5 70,7
– saldo
Dívida bruta do governo geral 1,4 -0,7 3,2 -7,4 -0,5 2,5 -2,1 5,5 9,3 4,2
– var. ac. no ano
Necessidade de inanciamento
da DBGGl 8,2 5,1 8,0 0,9 4,9 6,8 2,7 8,5 9,9 7,2
Ajuste cambial sobre a dívida -1,0 1,2 -1,2 -0,1 0,3 0,2 0,4 0,4 1,6 -0,8
bruta do governo geral
Dívida externa - outros ajustes 0,3 -0,1 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 -0,1 0,0
Reconhecimento de dívidas 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,0 0,0 0,1 0,1
Efeito do crescimento do PIB -6,2 -7,1 -3,7 -8,4 -5,8 -4,6 -5,2 -3,4 -2,1 -2,4
sobre a dívida
Fonte: Banco Central do Brasil. Nota: *Total de 2016: acumulado até setembro.
Nº 129 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2016 23