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Ambiente dos Negócios Internacionais








             Imobiliário de gama alta em Portugal:


             Um pilar do comércio exterior e destino


             seguro para o investidor brasileiro











                                                              Vinicius Carvalho de Carvalho é head de marketing e comu-
                                                              nicação da Porta da Frente Christie’s, Portugal

              Vinicius Carvalho
               de Carvalho

           uando falamos de comércio externo, é comum pensar em exportação de bens tangíveis — vinhos, têxteis, tecno-
          logia. Porém, setores como o turismo e o imobiliário de luxo são igualmente fontes de exportação invisível: geram
           uxos de capital externo a partir do consumo de ativos e serviços produzidos em Portugal.

          De acordo com o Estudo Nova SBE, o imobiliário de gama alta movimentou, entre 2021 e 2023, milhares de
          milhões de euros em volume de transações, contribuindo diretamente para o Valor Acrescentado Bruto (VAB)
          nacional e para a geração de emprego quali cado. Estima-se que este segmento represente cerca de 6% do VAB da
          construção e mediação imobiliária.


          O setor imobiliário de gama alta em Portugal é de nido por critérios objetivos de preço e exclusividade. Este seg-
          mento corresponde ao topo da pirâmide habitacional, compreendendo os imóveis situados nos percentis superiores
          do mercado, onde a so sticação, a localização e a escassez conferem valor. Para maior rigor analítico, a Nova SBE
          identi ca três níveis distintos:

             •  A uent: imóveis posicionados a partir do percentil 80, marcando a entrada no mercado de gama alta. Re-
                 presentam ativos de elevado valor, mas ainda acessíveis a compradores com maior liquidez, com valor até
                 cerca de €800 mil.

             •  Premium: situados no percentil 90, formam a faixa consolidada do segmento. Incluem apartamentos e mo-
                 radias em zonas nobres das grandes cidades, já com ticket médio acima de €750 mil a €1,5 milhões.

             •  Luxo: o extrato superior, que corresponde a apenas 2% do mercado. São imóveis únicos, muitas vezes acima
                 dos €2 a €4 milhões, localizados em zonas prime como Chiado, Avenida da Liberdade, Cascais, Comporta
                 e Algarve.
          Os efeitos multiplicadores vão muito além do ato da compra: cada imóvel adquirido por estrangeiros gera procura
          de serviços de arquitetura, design de interiores, manutenção, segurança privada, consultoria legal e  scal, além de
          estimular setores como a gastronomia, o turismo cultural e a educação internacional. É por isso que podemos a r-
          mar que o imobiliário de gama alta funciona como uma alavanca estratégica de internacionalização da economia
          portuguesa.

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