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RBCE - A revista da
odo até 2028, com base nessa provável estabilidade do
câmbio. Obviamente que a concretização desse cenário
dependerá da real disposição do próximo governo em
promover o ajuste scal que o país necessita para con-
ter a dívida pública em algo nanciável, sem estresse. O
ajuste está na ordem do dia no debate sobre os rumos
da economia brasileira; terá de ser parte fundamental
do programa econômico do próximo governo, indepen-
dentemente de quem seja eleito. As divergências giram
em torno do ritmo e da intensidade do ajuste, mas não
sobre a sua necessidade. Ninguém tem coragem de de-
fender aumento desmesurado de gastos públicos ou da
carga tributária.
Podemos ser surpreendidos por guerras, fenômenos cli-
máticos e outras desgraças. uanto a isso, não é possível
se prever, embora possamos nos prevenir, o que é ou-
tra coisa. Tomando-se os devidos cuidados, a economia
brasileira continuará a crescer, tendo o comércio exte-
rior como um dos seus principais alicerces.
scal entre estados e municípios desaparecerá, ao que
tudo indica. A alocação de investimentos não terá como
ponto de partida os benefícios scais. Outros fatores te-
rão de ser considerados, como a proximidade dos mer-
cados consumidores, dos insumos, da mão-de-obra, da
oferta de infraestrutura e dos demais custos incidentes
sobre produção e distribuição. Vamos voltar às vanta-
gens comparativas para os quais Adam Smith e David
Ricardo já alertavam nos séculos XVIII e XIX.
Se há um segmento que vai poder suspirar mais aliviado
com o novo sistema de tributação é o do comercio exte-
rior, especialmente no caso das exportações, pois a ques-
tão dos créditos tributários não será um fator de atrito
com os scos estaduais.
uanto ao câmbio, fator crucial, as projeções das asses-
sorias econômicas no mercado nanceiros e de outros
especialistas gabaritados apontam para uma estabilidade,
no lugar da volatilidade que caracterizou essa área nos úl-
timos anos. Uma estabilidade dentro de um patamar ca-
paz de favorecer o equilíbrio do conjunto das transações
externas. O dé cit em transações correntes do balanço de
pagamentos aumentou como proporção do Produto In-
terno Bruto, mas tal tendência deve estancar.
E, depois de alcançar os 15% ao ano, a taxa básica de ju-
ros no Brasil deve entrar em trajetória de queda a partir
de 2026. As expectativas futuras da in ação passaram a
convergir para o centro da meta de 3% ao ano, no perí-
Nº 164 - Julho, Agosto e Setembro de 2025 7

